Terça-feira, 9 de Março de 2010

ELA ERA COMO ERA

Autor que não foi possível identificar

 

"Ela era como era, e olhava-se como em esgares de gazela cobiçada, ágil e breve. Por isso lhe telefonava (a ele) porque lhe sabiam bem as palavras macias com que a mimoseava, o carinho, o mimo, as propostas lúbricas num charme de graça. Malhas dos dias e os desabafos que iam caindo em cada toque de telemóvel. Porque ele (o outro, o oficial), sempre de falo de em riste, era apenas uma sucessão de orgasmos, de me gusta mucho, de jactos mornos em zonas laterais. Ciumento_ contava. Gosto de me sentir olhada, as coxas brilhando numa saia mini, os bicos furando a renda da blusa, olhos babados de comensais, suspendendo o garfo.


O não amigo, o que recebia as chamadas, falava-lhe com um ar de anjo travestido em Mefistófoles. _ Mereces mais, sentes-te desconfortável na relação, pareces frustrada. Ela ripostava com as vezes que o outro riscava a parede por cada vez que (se) vinha, como nas vindimas se contavam os cestos. Há um lado puta em ti que ele não aprecia. É inseguro, bronco e toda a parafernália de insultos com que os preteridos enfeitam os eleitos. Ela aquiescia, e dizia-lhe a roupa que trazia vestida, a cor das cuecas, as mamas entesando por sabê-lo (ao do telefone) endurecer.


Quanto mais ciumento mais corno_ picava-a ele, sugerindo-lhe, como se fosse antibiótico, idas a sex shops, massagens e beijos na boca.
Depois seria fim de semana, e como acordado, ela repetiria gestos e gritos, humedecendo-se q.b. O telefone ausente como se não importasse.
Um pouco à guisa de crónica, pares que não casais trocariam número de telemóveis, olhariam de esguelha rabos de rapazes e coxas muito nuas de dançarinas em discotecas na moda ou muito pouco. Apenas mudava o nome dos perfumes e marca no elástico das cuecas.


Na segunda-feira, ele (o do telemóvel) falar-lhe-ia de bares giríssimos (onde não estivera) e onde garantia gostar de a ter levado num vestido muito curto. Do outro lado ela reafirmava orgasmos domésticos, palpava as pernas, sentia ardor.
_ Qualquer dia, fodo-o, pensou baixinho."

 

Nota: para o SPNI, crónica de Fernando York.


CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 06:30
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
4 comentários:
De Paulo Abreu e Lima a 9 de Março de 2010
Crónica tão lasciva quanto fiável.

Pergunta: assenta neste "veneno com açúcar"...?

Bjs,
paulo
De -pirata-vermelho- a 9 de Março de 2010
Crónica (?) de uma banalidade adiada.Foder é sempre igual; só mudam as pessoas, não os corpos nem os entornanços.
Os bares são para quem não tem casa ou para quem não se sente bem lá dentro; são perda de tempo ou terreno de caça barata, mesmo que pareça valiosa.
De 'a aventura e a noite', de 'as gajas', de 'as brocas e as picas', de 'a pica e a passa', de o 'preservartivo' e de outras merdas sem interesse nehum não falo - já fiz vinte e dois anos...
De Alberto N a 10 de Março de 2010
Texto solto e 'viagrado'!
De Maria Brojo a 16 de Março de 2010
A todos - aceites as opiniões. Indisponível procuração do autor para resposta em «vez de(le)».

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