Gil Elvgren
Apetite: «piquenicar». Cedo, sair dos lençóis. Desjejum tranquilo. Olhos cerrados a urgências profissionais que engasgam momentos arrolados como inúteis. Na cozinha, ousar petiscos. Mochilas que acondicionem merenda, toalha campestre, papel em guardanapos. Após a carícia da água na pele, rosto sem artifícios, cabelo molhado e seco na viagem. Botas coladas ao solo. Traje de acordo com a fruição do simples e bondoso, contrário à imagem. Esquecer menoridades e complicações, tantas vezes!, inventadas. Gaiolas ou grades ou celas. Portas que o «dentro» não encontra. Perdida a chave, os limites agigantam-se. Mas existe. Se procurada, o ouro que a faz encadeia. E o sol e o frio e a estrada e a floresta e o mar, prados e regatos alargam o círculo máximo da esfera que o olhar abrange. Que seja estendida a toalha. Que a manta/assento/mesa cubra o chão. Que o alimento alimente o sólido e o volátil. O diálogo. Risos. Que a tarde caia. Adormeçam os livros de estudo e prazer.
A produtividade exacerbada, ou imposta pela conjuntura, ameaça o equilíbrio de cada um submetido às normas globalmente reguladoras e aos superiores interesses que depositam salários e PECs. Abandonados ócios vitais. Avatar faz das almas engrenagens mecânicas pejadas de roldanas que chiam. Lamuriam. Queixam-se do atrito pela falta de cuidado na manutenção. Oleá-las é desprezado. E gemem. Com elas, a pessoa. Evito ser mais uma que frio arrepie. Quentura d'alma e corpo muito bem engaiolada na diferença com a insípida apatia perante o aventurar.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros