Greg Horn
Parece subir a moderação nos gastos e a vontade de emagrecer a coisa distante chamada Estado. Se até aqui sempre os anónimos mexilhões pagaram enquanto em cima a boa vida era lagosta, nela surgem indícios de troca por camarão-tigre. Ainda longe das «lameginhas» catadas na maré descida. Todavia, diminuído o tamanho do bicho. Augúrio a sublinhar.
A norma ‘trindade saída por unidade entrada’, passou dos funcionários públicos às viaturas estatais. Normativa menor do PEC: “abate de pelo menos 3 viaturas por cada nova adquirida quando até à data a regra era de ‘1' por ‘1', excepto quando se trata de novas necessidades." Dos cinquenta e seis mil pares de rodas em serviço, fatia dos que transportam correm o risco de ficarem apeados. Pagar a tantos o ronronar, avec chauffeur ou não, cansava desempregados, pobres e remediados. Não basta, conhecidos os milhões desembolsados em prémios e reformas multiplicadas que os maiorais arrecadam. Não chega pela fome exposta e pela envergonhada. Não é suficiente, embora a Europa a muitos e o Dr. Durão publicitem Dominus Vobiscum. Mais seria inadequado? Afastaria os realmente capazes da política e gestão dos bens públicos? Por isto, mercenários, ou humanos com ambição? Ficaríamos entregues aos arrivistas ansiosos por momentos de ‘vã glória de mandar’? Mas não é este o presente comum?
A propósito, excerto duma delícia:
“Espicaçado por todos os lados, farto das lutas intestinas que todos os dias lhe faziam azia ao jantar, e do fogo de guerrilhas da vizinhança, um dia o conselheiro Torres, um dia em que estava cheio de alegria porque apertara a mão ao sr. Conselheiro Fontes e porque tinha para o jantar chispe com ervas, o seu estadista e o seu pratinho favorito, ao sentar-se à mesa declarou solenemente à família ali reunida, que sim, que consentia no teatrinho.”
Gervásio Lobato in “Lisboa em Camisa”
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros