Não é fácil. Tem dias e momentos. Ora apetece pendurá-los na corda da roupa esticada fora das janelas do casario ou no quintal, ora desengrenar as roldanas do tempo para que fiquem cristalizados gestos de incondicional amor mútuo. Ora é desejo dar-lhes tabefe certeiro no instante e contexto certos, ora permitir benevolência dialogada pelas maroteiras cometidas. E, de ‘ora’ em ‘ora’, crescem frutos e árvore. E amadurecem. Colhidos um dia. Então, testado o sabor e a firmeza da polpa que a seiva corrida até aos galhos alimentou.
No pomar, existem troncos que frutificaram querendo ou não. Nalguns progride a indiferença pelo gerado; outros apostam na excelência e na generosidade como mais um sentido para os dias - sabem que isto de estar vivo acaba sempre mal. Optam pelo amor e dádiva. Pela autoridade responsável e conversada. Estão presentes, fortes, decididos. Aos poucos, constituídos referência, coordenada perene que vai além da raiz.
Ser pai não é passeio no parque das delícias. Procriar é fácil; difícil é criar filhos como obra saída de cinzel atento e engenhoso. E porque no pomar mais árvores e frutos existem e condicionam e interagem, nem sempre o esculpido corresponde ao esquisso e à dedicação e ao amor. Mas a paternidade é aventura. Escalada cujo impossível cimo apetece alcançar.
Que se me desculpe algum simplismo de pensamento -eventualmente grosseria- mas sempre me ocorre primeiro o congelador e depois mas só então, um cheirinho de gás apaziguador. Isto, no caso de ter que ser sujeito a tais pressões ou contrariedades, claro...
Pirata-Vermelho - qual grosseria, qual quê?! A do «cheirinho" está bem lembrada. Já no congelador não os enfiava _ configura ficarem ad aeternum no mesmo estado?
achei bem o cinzel mas se os filhos são modelados pelos pais também os pais o são pelos filhos, o crescimento é mútuo!!
e, de experiência o sei, um pai aprende a ser pai com o pai (ou seja, como filho) e com o filho, em circular e simbiose de pai e filho, pois ambos devem a ambos ser como são!!!
e tem mais: "se não fosse a canalha já estava na França, tinha lá um contrato e limpava 1800 euros ao mês"!
é amor de Pai e não é preciso ser fantasioso para imaginar que será ter menos de 1800 euros por mês, certamente muito menos... e um ror de filhos pequeninos a lidar...!!
haja dias, da Mãe, do Pai, do Filho e ... do Espírito Santo!!!