Gennadiy Koufay
Primeiro foi estranho, depois entranhou-se. Sociedade tabelada. Distribuída por itens. Ponto 1, 2 e muitos seguintes ou a igualmente automática sucessão de pintas negras. Em casos ambos, regras à frente abrangendo cúmulos de direitos e deveres/estatutos dos deputados, dos médicos, advogados, dos professores, dos alunos. Específicos para indigentes, nunca vistos!
Até onde a imaginação alcança, o legislador vai inscrevendo, supostamente em benefício dos tabelados, detalhe aqui, «pormaior» ali. Afadigado, estica lençol de cliques numerados ou pintas. E quando, embevecido, contempla a obra produzida, num suspiro expira felicidade.
Podia, devia descansar no mítico sétimo dia. Mas odeia a desocupação – jamais tudo feito se normalizar é objectivo. Lembra-se dos músicos _ quais reúnem condições para soprar trombone ou afagar violinos. Sente formigueiro, trepa adrenalina. Debruçado sobre a secretária e o assunto, multiplica pontos e pintas. Num instante de máquina entupida, esgar torce-lhe o rosto _ entra pela fímbria desprotegida da janela o tac-tac dum calceteiro. Decide:
_ Faço-te cama… És o seguinte!
Em casa, a mulher despe o corpo quando veste a lingerie. Túrgida pensa no magnífico que, hora a mais, dela fará rainha. Stripper à noite, calceteiro de dia.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros