Jack Vettriano
Bem passados os trinta, a maioria dos solteiros ou divorciados anseia parceiro que o ame e ame. Idealiza despedir-se de corpos precários e das manhas para os obter. Pensa regressos quentes pelo final do dia. Fins-de-semana com tempo para melhor viver o amor. Talvez ficar em casa se o tempo é murcho entremeando ocupações triviais com incêndios de pele. Gerada descendência, ou existindo os meus, os teus e os nossos, harmonizá-los com a família nova. Alegria conjunta sem subalternizar qualquer dos afectos. Partes do sonho: acordares e almoços risonhos.
Porque ‘o tempo também se engana nas casas onde mora’, o abrigo perfeito vezes demais se desfaz em caliça. Lidar com a desilusão fragiliza quem a aloja, quem não pôde ou não soube coreografar com mestria o melhor e o pior do experimentado. Então, dois caminhos divergem: persistir no sonho antigo, ou esquecê-lo e ‘venha a liberdade’. Falsa, porque todos dependemos de todos e a fracção do livre arbítrio que nos cabe tem margens apertadas.
Para elas, havendo filhos e passado o luto, mesmo se a guarda conjunta foi salvaguardada, mais difícil trilhar o encontro de novo amor. A mãe/referência é mulher que os filhos inventam pura e deles julgam amante exclusiva. Demora aceitar-lhe a sensualidade que também no sexo se espraia. Compatibilizar novo amor, portas adentro, com o clã, nem sempre é passeio num jardim. E se ele não (n)os entende? Se não lhes admite a importância na vida dela? Se, por isso, o ciúme advém? Submeter a fragilidade de quem cresce a novas perturbações, sim ou não?
Tendo sido conjugada verdade, afecto, dádiva e autoridade na relação mãe-filhos, mantendo o pai e «ex» presença colaborante que o temor não vença _ há mais vida para lá de passados doridos. A pedagogia do respeito pelo indivíduo começa na família. E se é valor necessário à infeliz sociedade tribal onde somos...
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros