Domingo, 18 de Abril de 2010

‘O TEMPO TAMBÉM SE ENGANA NAS CASAS ONDE MORA’

Jack Vettriano

 

Bem passados os trinta, a maioria dos solteiros ou divorciados anseia parceiro que o ame e ame. Idealiza despedir-se de corpos precários e das manhas para os obter. Pensa regressos quentes pelo final do dia. Fins-de-semana com tempo para melhor viver o amor. Talvez ficar em casa se o tempo é murcho entremeando ocupações triviais com incêndios de pele. Gerada descendência, ou existindo os meus, os teus e os nossos, harmonizá-los com a família nova. Alegria conjunta sem subalternizar qualquer dos afectos. Partes do sonho: acordares e almoços risonhos.

 

Porque ‘o tempo também se engana nas casas onde mora’, o abrigo perfeito vezes demais se desfaz em caliça. Lidar com a desilusão fragiliza quem a aloja, quem não pôde ou não soube coreografar com mestria o melhor e o pior do experimentado. Então, dois caminhos divergem: persistir no sonho antigo, ou esquecê-lo e ‘venha a liberdade’. Falsa, porque todos dependemos de todos e a fracção do livre arbítrio que nos cabe tem margens apertadas.

 

Para elas, havendo filhos e passado o luto, mesmo se a guarda conjunta foi salvaguardada, mais difícil trilhar o encontro de novo amor. A mãe/referência é mulher que os filhos inventam pura e deles julgam amante exclusiva. Demora aceitar-lhe a sensualidade que também no sexo se espraia. Compatibilizar novo amor, portas adentro, com o clã, nem sempre é passeio num jardim. E se ele não (n)os entende? Se não lhes admite a importância na vida dela? Se, por isso, o ciúme advém? Submeter a fragilidade de quem cresce a novas perturbações, sim ou não?

 

Tendo sido conjugada verdade, afecto, dádiva e autoridade na relação mãe-filhos, mantendo o pai e «ex» presença colaborante que o temor não vença _ há mais vida para lá de passados doridos. A pedagogia do respeito pelo indivíduo começa na família. E se é valor necessário à infeliz sociedade tribal onde somos...

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 11:13
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
10 comentários:
De -pirata-vermelho- a 18 de Abril de 2010
A sociedade em que vivemos não é tribal, é post-feudal

(seja lá isso o que for...)
De Maria Brojo a 22 de Abril de 2010
Pirata-Vermellho - o seu 'post-feudal' lembrou-me o execrável 'pós moderno'. Modernices mais convencionais que o menino veste azul e a menina cor-de-rosa.

Comentar post

últ. comentários

Olá. Posso falar consigo sobre a sua tia Irmã Mar...
Olá Tudo bem?Faço votos JS
Vim aqui só pra comentar que o cara da imagem pare...
Olá Teresa: Fico contente com a tua correção "frei...
jotaeme desculpa a correcção, mas o rei freirático...
Lembrai os filhos do FUHRER, QUE NASCIAM NOS COLEG...
Esta narrativa, de contornos reais ou ficionais, t...
Olá!Como vai?Já passaram uns meses... sem saber de...
continuo a espera de voltar a ler-te
decidi ontem voltar a ser blogger, decidi voltar a...

Julho 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

pesquisa

links

arquivos

tags

todas as tags

subscrever feeds