Rob Hefferan
Pensou. Voltou atrás na fila dos itens lógicos . Avançou para recuar. Progrediu. Havia reflectido sobre greves subservientes de interesses que não exclusivamente laborais. Porque detesta «arregimentações» _ OK, no Facebook alinha em doudarias por gostar de brincadeiras _ sempre negou vínculo aos sindicatos que a prometiam defender dos ‘malvados’ patrões. Destes, conheceu dois. Um que tinha por cabotino e de quem odiava tiradas que dizia escatológicas; hoje, considera o melhor que lhe pagou. A segunda era, efectivamente, cretina. Com vista mais curta que a da miopia corrigida. Licenciatura e curriculum fabricados. Pobres e curtos. Uma triste como tristes foram quem lhes suportou borrascas e disparates e perversidades. Eu, entre eles. No início do desempenho, correspondeu a desejos que a profissional havia adiado. Com o rolo dos dias desembrulhado, percebeu a burrice que alojara. Para si concluiu não ser pessoa fiável que lê sinais. Aprendeu.
Se há greve que apoiaria com faixas e marcha conjunta na rua, seria a das mulheres com parceiros que confundem violação com sexo. Sofresse monstruosidade tamanha e sabe o que faria: malas à porta, dele ou dela. Mas ouve-as falar. Fora do escuro da alcova, descrevem mãos que amarfanham almofada, cedências temerosas das reacções despóticas enquanto galho espinhoso as penetra. Das acusações, depois:
_ És frígida! Não prestas em nada. Na cama, és gelo que não apetece a ninguém. Trata-te. Muda. Nem feijoada como a da minha mãe sabes fazer.
As mais débeis soluçam. As lutadoras não cedem pitada da auto-estima. Algumas encontram amante que _ conversa gasta! _ aporta ilusão de apreço e a possibilidade dum amor. Rodados vezes muitas os ponteiros do relógio no continuado mau, exigem distância e preservam, de si, o melhor.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros