Ross
Tens sobre a lareira uma fotografia emoldurada em prata. Ao descobrir, num álbum antigo, os teus onze anos definidos a preto e branco, enfeitiçou-me a menina que vi. Linda, sorridente, com o ar «ratão» que preservas. Adoro ver-te pestanejar e transferires para o olhar e lábios a graça que te faz sorrir. Assertiva. Hilariante. Quase sempre, metáfora impagável.
Usaste tranças na adolescência. Bandós até aos vinte anos a pedido da simplicidade elegante que manténs e da moda do tempo. A aguarela que te captou mais tarde, não difere muito da fotografia. Talvez tenhas trocado o ar divertido pelo sonho que da postura e do rosto escorre. Por esse tempo, estavas enamorada do pai. Casariam nesse ano, como cumpria na tradição familiar. Razão menor esta nunca a que te moveu. Ou a mim. Antes o desejo, tal como nas mulheres que na família nos precederam, de não adiar amor e projecto - de afecto sólido, brotar vida.
Um desejo, mãe: _ quando «crescer», gostava de ser como tu.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
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