Will Kramer
A fé não é um hipnótico capaz de mergulhar em sono profundo os portugueses estrangulados social e economicamente. A fé não é anestésico que alivia dores. A fé não pode consentir crimes, sejam pedófilos ou má gestão dos dinheiros públicos. A fé não deve ser cúmplice de mentiras e silêncios continuados que pelo mundo fora aumentam pobreza e tristeza. Que permitiram e aumentam neste «canto» desequilíbrio e sofrimento. Os crimes requerem julgamento. Condenação _ lesar o interesse comum é delito imperdoável. E se oitenta por cento dos portugueses são católicos, muitos deles são responsáveis pela nossa miséria social. Por permitirem às entidades bancárias cobrança de sete a catorze euros por mês aos utentes das contas menos recheadas pela manutenção. Neste contingente, incluídos salários e reformas paupérrimas.
É fácil apontar o dedo à «crise» importada. Triste ‘conto do vigário’: nas últimas décadas, imperou o laxismo na governação que, por ora, a todos pesa com IVA aumentado. Carga traduzida pelos olhares cabisbaixos e previsível conflitualidade.
Nesta visita de Bento VXI, foi confundida pompa com dignidade. A primeira foi ociosa, a segunda seria pedagógica. A interpretação papal do ‘terceiro segredo de Fátima’(?) deve ir além da pedofilia cometida ‘pelas ervas-daninhas’ semeadas nos católicos. Ainda não foi ouvido pedido de desculpa sobre a responsabilidade do Vaticano neste caos de desumanidade. E se é verdade que a acção social da Igreja Católica tem persistido no compromisso com os mais precisados, são necessários reforços para enfrentar infernos esperados. Não é suficiente o feito no futuro começado amanhã.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros