deixa-me assinar por baixo? Houve livros que não gostei tanto, a maior parte ficaram-me dentro, todos de uma imensa lucidez e humanidade. Não vi o filme, nem quero ver, chegou-me o pesadelo do livro, porque quando falamos de segregação, qualquer tipo de segregação, nunca temos ideia do pesadelo que pode ser, penso eu
esse "Ensaio..." este uns dois meses a meio, na mesa de cabeceira, foi preciso voltar às estantes do escritório para lá ser retomado e por fim lido até final, que me parece ainda não ter acabado de acabar!!
e depois há todo o memorial e viagens, uma colecção!!!
ao menos acabaram as implicações e embirrações, até sua cavacal eminência veio dizer bem do literato para quem as letras são e serão assunto de elite, e se contra isso lutou...
Marta - no filme "Ensaio sobre a Cegueira" revi o idear de Saramago. Facto raro quando leio primeiro. Quando no final, ela, Julianne Moore, afirma querer cegar, quem não a subscreve?
Oculta consciência de não ser, Ou de ser num estar que me transcende, Numa rede de presenças E ausências, Numa fuga para o ponto de partida: Um perto que é tão longe, Um longe aqui. Uma ânsia de estar e de temer A semente que de ser se surpreende, As pedras que repetem as cadências Da onda sempre nova e repetida Que neste espaço curvo vem de ti."
Transcendente / Com doçura - "Na ilha por vezes habitada
Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer. Então sabemos tudo do que foi e será. O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites. Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela. Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz. Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste."
Doucement - "Há coisas que nunca se poderão explicar por palavras"
"É preciso variar, se não tivermos cuidado a vida torna-se rapidamente previsível, monótona, uma seca"
"Há situações na vida em que já tanto nos dá perder por dez como perder por cem, o que queremos é conhecer rapidamente a última soma do desastre, para depois, se tal for possível não voltarmos a pensar mais no assunto"