As melhores casas do mundo não precisam de figurar nas revistas como exemplo de boa arquitectura e melhor recheio. As melhores casas do mundo estão forradas com a música dos afectos que tocam harpa ou jazz na pele. As da família, dos amigos, aquela onde vemos diariamente os «repolhos» ou os repolhos plantados em frente das janelas. Onde acordamos, pacíficos, em harmonia com a persona, a pessoa, as pessoas que sentem os acordes de um saxofone dançando com o piano de cada dia e de todos.
Podia viver sem jazz no corpo? Resposta banal:
_ Podia, mas não seria a mesma coisa.
No ritmo sem partitura, há improvisação e alma. Há a do músico e as dos outros que o acompanham na partilha. O dedilhar e o sopro no clarinete, no saxo, o baile dos dedos no contrabaixo ou na guitarra. O embalo da surpresa por cada nota suspensa no ar.
E vem ao caso poema de Adolfo Casais Monteiro aqui trazido por alguém que a memória não identifica. Com gosto o li, com gosto o deixo.
mas há anos, décadas, num "Caldeirão" da nossa Lagos dos bares de A a Z, aprendi a respeitar o palco do jazz, do sentimento vertido em improvisos sabiamente estudados e ensaiados, onde regresso no Onda Jazz de Alfama em noites inesquecíveis de ruelas partilhadas com o fado e uma ambiência tão portuguesa e lisboeta que nos põe de volta à grande alface mesmo nas Yorques das blue notes!!!
António - porque será que as 'blues notes', apetitosas em qualquer lugar, sabem melhor na Yorque? Será pela skyline, pelo temperamento da cidade, de Harlem, dos recantos soltos que apetece peregrinar?
Cerejas - Agora que a época está quase no fim, há que as aproveitar e deixar-se arrastar por elas, comme d'habitude , entrar no manicómio do outro e sentir-lhe as diferenças. De Durban ao Porto, Passando por Lisboa (http://www.fpessoa.com.ar/carta.asp)
PS- Engraçado, como numa versão argentina um beirão é um habitante das Beiras lisboetas. Mais seria se lhes chamassem Bordas ;-)
Acúcar C. - "(Interrompo. Não estou doido nem bêbado. Estou, porém, escrevendo directamente, tão depressa quanto a máquina mo permite, e vou-me servindo das expressões que me ocorrem, sem olhar a que literatura haja nelas. Suponha – e fará bem em supor, porque é verdade – que estou simplesmente falando consigo.).