Quarta-feira, 30 de Junho de 2010

CAPA RICA

Taos e Tom Alberts

 

Pelo que não vem ao caso, há par de anos, as rodas que me transportam iam a direito com o Sul mais a Sul no horizonte ao passarem para a outra margem do rio habitado pelas Tágides que inspiraram Camões. Ontem, após as portagens, desviei à direita pela curiosidade de espiolhar o projecto arquitectónico Atlantic Plaza assinado pelo estimado Manuel Graça Dias e Egas Vieira.

 

A caminho da Rua dos Pescadores, mandei pela janela fora memórias visuais desanimadoras de tempos atrasados e abri-me ao novo. Quadrícula entrelaçada a branco recebe o Sol de modo diferente e faz pressentir interiores esgalhados longe da banalidade. No exterior, praça ampla (800 m2) atapetada por calçada portuguesa. Da autoria do Pedro Calapez, uma árvore com múltiplas leituras destaca-se a negro no branco dos cubos irregulares martelados no chão. Um mimo!

 

Por ser estio do bom, aventurei praia. Não sabia do espaço de luxo que substituiu o antigo redor descuidado do “Barbas”. Ignorava o avanço do Programa Polis. Caminhando rente ao mar e às dunas, suspendi a respiração pelos jardins tão novos como os verdes que neles crescem, passadiços em digna madeira, postes de iluminação estilizados, areal imenso que a vista alcança. Nos apoios de praia, magníficos lounges convidam à sombra e a um café e à leitura e repouso do olhar.

 

Com este lugar da Capa Rica aqui tão perto, qual Ibiza, qual Albufeira, qual pacote de agência que arregimenta ingénuos para palmeiras e turquesas longínquas, qual quê?!... Existem espaços melhores em Portugal? _ Sim. Mas este dista vinte minutos da Grande Alface. Permite fuga alegre até areia fina, até às ondas e melanina colorindo a pele. Segredo: ao fim-de-semana, melhor descobrir o vazio da cidade.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 11:52
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
14 comentários:
De -pirata-vermelho- a 30 de Junho de 2010
Muito bem.

Bem podia ter dito ...
(que lhe passava a mão pela pele, ao sol, no meio das embirrações)
De Maria Brojo a 5 de Julho de 2010
Pirata-Vermelho - rejubilo com o dito e o propósito.
De EJSantos a 30 de Junho de 2010
Isto é completamente off-topic, mas tenho que partilhar. Adoro a Arte de Alfons Mucha. Pura e simplesmente amo a Arte dele.

Ver
http://www.muchafoundation.org/MHome.aspx
De Maria Brojo a 5 de Julho de 2010
EJSantos - visitei e ficou em bom recato a sugestão. Obrigada.
De luis eme a 30 de Junho de 2010
parece que andamos por costas de capa rica diferentes...

ainda vim há pouco de lá e noto tão poucas diferenças (tirando o "oásis" das praias centrais), então a rua dos pescadores, é o retrato da decadência de uma terra que já deu o que tinha a dar...
De Maria Brojo a 5 de Julho de 2010
Luís Eme - provalvelmente andámos por 'Costas' diferentes ou vimos o mesmo com leituras distintas.
De Veneno C. a 30 de Junho de 2010
Sangrias - Já que não temos Tágides nem Turquesas contemplemos as Nereidas (http://pt.wikipedia.org/wiki/Nereida)

Nesta fuga às raízes inspiradoras, Camões tropeçaria certamente nos magníficos lounges e pediria auxílio à santa MadeinUsa (http://www.youtube.com/watch?v=B26umYNAMmY)

Auxílio deve ser pedido também contra a 'agência que arregimenta ingénuos', já que a crise não obsta...

De Maria Brojo a 5 de Julho de 2010
Veneno C. - "Nesta fuga às raízes inspiradoras, Camões tropeçaria certamente nos magníficos lounges e pediria auxílio à santa MadeinUsa" - melhor é impossível!
De yany constantinis a 1 de Julho de 2010
Lento mas eficaz,o programa Polis.
Será que os frequetadores dos centros comerciais com ar condicionado rançoso percebem o que foi escrito?
Yany
De Maria Brojo a 5 de Julho de 2010
Yany constantinis - e eu sei? Mas se felizes com o ambiente onde se movem assim permaneçam em paz.
De António a 2 de Julho de 2010

maré cheia!

Sul ou lugar de encontro de Psique e Eros ou os seus avatares de momentos imprevisíveis mas escritos em firmamentos debruados a luar do lado de lá do rio que se cumpre a encantar ;_)))


rio cheio!!

grande, arquitecto capaz de impor calçada portuguesa em empreendimento destinado a exportação!


desaguar!!!

entre portos e marés
ai um dia
abriu-se ao mar o convés
e fez-se noite

entre cais e maresia
ai por fim
cumpriu a suma heresia
e fez o verbo

entre linhas, pontes, medos
ai o céu
ouviu troar nevoedos
e fez chão

entre postes e novelos
ai nunca
caiu estupendo atropelo
e fez-se já

era o tempo do começo
e de esquecer
de rios e rios a vencer
e soletrar e aprender

até a porta se abrir
até o céu desabar
até o fogo se rir
até um passo, à beira mar

e a água, enfim, desaguar




De Maria Brojo a 5 de Julho de 2010
António - engasguei-me alegremente com as evocações, com o poema, com todo o dizer.
De aespumadosdias a 2 de Julho de 2010
Já há lá muita coisa estragada. Gosto de lá ir em tardes e manhãs fora da época estival ou então nas noites quentes de Verão.
De Maria Brojo a 5 de Julho de 2010
A Espuma dos Dias - bom gosto que partilho, conquanto à noite prefira a decadência de Porto Brandão.

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