Fabian Perez e Amanda Jackson
Em terras espanholas, recuso-me a falar ‘portunhol’. Os autóctones são madraços no entender de línguas estranhas e fazem-no com orgulho – quem aqui entrar que se amanhe. Ora, sendo eu a exportadora de euros, por entendê-los com esforço mínimo, porque o português é facilmente percebido se o interlocutor, dito irmão ibérico, quiser, remeto-me à inflexibilidade. Não ignoro que se lhes enrola a língua ao falarem «estrangeiro», mas, ‘abóbora’ (bem à portuguesa)!, o problema é deles. Que treinem de pequeninos, que se apurem, que se arranjem pela condição de precisados do metal que, por modo diferente da Física, faz rodar o mundo. Além do mais, ficam mal nos registos pelo obtuso linguajar, em inglês como exemplo.
Não sendo admiradora entusiasta dos espanhóis – historicamente ludibriaram-nos vezes demais - reconheço-lhes méritos fugidos dos lusos: culturais, preservação da imagem do país, orgulho nacional. Alinho por ordem crescente de simpatia os idiomas palrados: castelhano, catalão, basco e galego. Palrar em vez de falar pelo volume e intensidade do débito – quem já viajou em ambiente confinado e rodeada deles, sabe as penas infligidas.
Ontem, foi a diferença: retorci-me pela vitória da Espanha. De algum modo também por homenagem aos nossos parceiros na Jangada de Pedra à deriva que Saramago, para sempre, legou ao imaginário. E foi alegremente que vi as beijocas da Rainha e as medalhas e a Taça levantada por encarnados e amarelos e, antes, as palavras do Don Vicente del Bosque, conquanto me façam cócegas tantos Dons. Elaborando, na proporção, talvez menos do que os nossos Doutores. E se o uso a esmo deste título me causa patriótica coceira!
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros