Mati Klarwein
Porque é manifesta a superioridade numérica de imagens femininas na pintura aqui publicada, surpreende não serem reclamadas quotas masculinas no SPNI. Ainda bem – seria cabo dos trabalhos hercúleos.
Ao deambular, virtualmente, pelas galerias de arte do mundo inteiro, a oferta é de cinquenta corpos de mulheres para um de homem. Os raros espécimes ou são santos ou clássicos ou associados a galerias em que o espírito gay domina. Denunciam-nos o contexto, poses importadas da penitente e teimosa musculação, genitais protuberantes na versão erecta, pendente, adormecida ou displicente. Tornar as imagens adequadas a qualquer blogue que não deixe cair a dentadura da avó impõe «corte» dos apêndices. O que resta assemelha-se a «segurança» da noite urbana com peitorais capazes de corar de inveja qualquer feminino «trinta e alguns/copa B».
Arrenego distracção da beleza que o corpo masculino pode ostentar; os artistas plásticos não descuram a estética sob qualquer forma. Logo, emerge razão da oferta desigual: obedece ao "vendável", em decorrência, às normas do consumo. O corpo feminino vende melhor. Curioso, quando o consumo está maioritariamente em ledas e tratadas mãos, sempre ágeis em sara-tristezas e celebra-euforias que envolvam uso de cartões e papel carimbado no Banco de Portugal. Decorre a presunção das mulheres se arranjarem para elas e para as outras mulheres. En passant, gostando o respectivo ou o avistado tanto melhor.
O Ajax limpa isto e mais aquilo atingiria cume de vendas insinuado por homem diligente como fado-do-lar, ou para eles fica o nosso desdém no gosto e apenas confiamos nas pares?
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros