Frida Kahlo, autor que não foi possível identificar
Erros antigos, problemas novos. Ou não, que se bem analisadas as decisões, prever consequências é inevitável. E nem se trata de futurologia, mas do óbvio que se enfia olhos mentais adentro. Tão simples e acessível a qualquer cidadão, que no SPNI foi referido vezes algumas. Na Madeira, já acontece com êxito reconhecido.
É parangona noticiosa a rejeição dos jovens médicos em candidatarem-se a vagas nos hospitais pequenos sitos no interior do país. Alguns existem que em quatro anos só conseguiram contratar um médico quando precisavam de dezenas. São, na maioria, hospitais da rede pública de terceira linha. Não estimulam mudanças apesar de incentivos financeiros pelo Estado, oferta do arrendamento da casa e escola para os filhos pela autarquia. Hospitais degradados, deficientes no equipamento considerado necessário para exercício clínico de qualidade, afastam os médicos especialistas.
Convém lembrar o aqui denunciado: o exame final da especialidade acontece quando o médico ronda os trinta anos, supondo progressão académica exemplar; por essa altura, adquiriu habitação, casou, o cônjuge trabalha, vieram filhos. A formação decorreu em hospitais de referência, onde os recursos e abrangência da procura pelos doentes permitem enriquecimento profissional. Abandonar expectativas entretanto criadas, mudar a família, conseguir trabalho para o parceiro no novo local, é quadro não sedutor. Hospitais de Norte a Sul convenientemente associados por novas tecnologias e munidos do necessário que facultassem especialidades bem conduzidas, permitiria que um jovem médico optasse por vaga num deles. A fixação do clínico decorreria com naturalidade no local onde, entretanto, estabelecera raízes. Curioso foi ler considerações semelhantes por figura grada da Ordem dos Médicos.
O arquipélago da Madeira, porque rico, tendo dificuldades idênticas às de outras regiões do país, colmatou impedimentos. “Assegura vínculo com o hospital, evolução na carreira através de concursos nacionais, 22 dias úteis anuais para formação, entre 25 a 31 dias de férias por ano de acordo com a idade do médico e anos de carreira, um suplemento remuneratório de 699 euros, gozo de folgas a seguir aos serviços de urgência e ainda prática privada para quem não tem exclusividade.”
No continente, atingisse Regador-de-Cima, pela via dos patrocínios europeus e do governo, o nível de riqueza e desenvolvimento da ‘ilha Jardim’, talvez parecido fosse possível.
Governo quer fixar médicos no interior com 750 euros</a> Catarina Duarte 20/02/10 00:05
A medida anunciada por Ana Jorge pretende combater a falta de médicos em algumas regiões.
O Ministério da Saúde vai dar uma bolsa de 750 euros mensais aos alunos de medicina que optarem por fazer a especialidade em zonas do país com falta de médicos.
A medida, ontem anunciada por Ana Jorge no Parlamento durante a discussão do Orçamento do Estado para 2010, visa combater a "carência de médicos, nomeadamente em algumas zonas do interior do país", disse a ministra. O incentivo vem ainda acompanhado de uma promessa: a "fixação do médico na vaga considerada carente, pelo período mínimo idêntico ao do tempo de formação", ou seja, de nove anos.
A falta de médicos tem sido uma das preocupações abordadas por alguns administradores de hospitais. Ainda esta semana, na apresentação do novo hospital de Cascais, o presidente do conselho de administração, José Miguel Boquinhas, admitiu que "arranjar médicos foi a principal dificuldade" e que "existem carências em algumas especialidades".
ricardo, porto | 20/02/10 01:29 Epah coitados, deviam era ter de concorrer como um professor e ir para onde calha e sem ajudas nenhumas. Eu estou a mais de 300km de casa ganho menos que um médico e nao recebo nem mais um tusto...
Mais um - O ex-administrador do Santa Maria considera que, à excepção de algumas especialidades, não há falta de clínicos em Portugal, o problema é que estão mal distribuídos geograficamente.
Adalberto Campos Fernandes não acredita que o bónus de 500 euros anunciado pela ministra Ana Jorge atraia mais clínicos para o Interior e defende que é preciso melhorar as condições de trabalho nos hospitais dessas regiões e avançar com “incentivos à fixação, que podem ser remuneratórios ou de carreira”.
Sobre a reorganização do trabalho nos hospitais, considera essencial que os médicos escolham entre o sector público e privado. Não é possível haver dedicação de um médico que trabalha em seis sítios diferentes, sublinha.
Nesta entrevista conduzida pela jornalista Joana Bénard da Costa, o especialista defende mais responsabilidade e autonomia para os profissionais de saúde. Só assim será possível acabar com aquilo que considera o “pior dos últimos anos” no sector da saúde, os médicos e enfermeiros pagos à hora através de empresas de prestação de serviços.
Quanto à sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o ex-administrador do Santa Maria critica a “duplicação de meios” e preconiza uma lógica de “complementaridade” entre o sector público e privado, que actualmente não existe.
a crítica é certeira mas haverá sempre hospitais e hospitais...
de todo o modo, ainda na memória os protestos histéricos pelo fecho de estabelecimentos públicos de saúde sem condições técnicas, económicas, humanas...
entre parêntesis, o fecho de estabelecimentos privados de saúde por falta de condições também mereceria um mínimo de discussão, sobretudo quanto à imediata extinção da delegação de competências que para o efeito o Estado conferiu à Ordem dos Médicos, mas que esta se confessa incapaz de assegurar
António - protestar sem averiguar porquês, apenas pela tradição ou jeito que não é, faz-me lembrar história numa autarquia em que a população se rebelou pelo ajardinar dum espaço que suprimiu um lugar de estacionamento. E a Ordem dos Médicos é verdade ter culpas inscritas em cartório.
Porque razão os hospitais têm de ser geridos por economistas? Porque razão os médicos e enfermeiros são quasi equiparados a qualquer funcionário publico administrativo? Porque razão a ordem dos médicos tem uma atitude tão passiva diante dos diversos governos? Será a saude menos importante que o deficit? Que o digam de uma vez por todas os sábios e videntes da economia que de quando em vez debitam teorias na tv.
Talvez esteja fora espirito do artigo. Mas uma vez que é uma evidencia o desentendimento e a falta de perspectiva que ordene a longo prazo ,talvez por fragilidade e falencia do sistema, quiçá uma democracia musculada?