Agrupar. Das miudezas fazer maior. Concentrar. Poupar recursos humanos e equipamentos. Gastar em transportes. Inserir no anonimato quem estava habituado a ser rosto conhecido dentro e fora. Os vastos agrupamentos escolares já implantados ou ‘em vias de’, numa primeira abordagem, parecerem adequados a pôr cobro à triste realidade dos primeiros anos do ensino básico nas zonas mais carenciadas. Porém, dúvida metódica se interpõe - estratégia copiada do exterior, validada por investigações e resultados, adaptada a quem somos e ao que temos, ou motivada pelo nacional ‘desenrasca’ sendo necessário reduzir custos sob aparência de tentadora maçã suculenta e lustrosa?
«Lapalassiano» é repetir não servirem escolas que misturam escassos alunos de quatro ciclos diferentes atendidos por um só professor, com tecnologias limitadas a Magalhães, deficientemente providas doutros recursos indispensáveis. Os incensados agrupamentos servirão melhor uma política séria na Educação traduzida em resultados genuinamente satisfatórios e não fruto de malabarismos numéricos? Fontes de poupança no imediato, posteriormente despesistas?
Inovar em Educação não tem sido característica nossa, também por incapacidade de elaborar programa bem estruturado e agregador das sensibilidades políticas. A volatilidade dos sucessivos ministros não ajuda por associar causa e consequência. Por outro lado a multiculturalidade presente nas escolas exige resposta a preceito. Não sendo o caso, repetem-se situações destas:
“ _ a professora, faz a chamada.
_ Mustafá El-Ekhseri.
_ Presente! _ Obamba Moluni.
_ Presente! _ Achmed El-Cabul.
_ Presente! _ Evo Menchú.
_ Presente! _ Yao Ming Chao.
_ Presente! _ Al Ber Tomar Tinsdi-As.
Ninguém responde. Repete a professora: _ Al Ber Tomar Tinsdi-As.
Ninguém responde. Pela última vez:
_ Al Ber Tomar Tinsdi-As.
Levanta-se um miúdo.
_ Devo ser eu professora, mas pronuncia-se Alberto Martins Dias.”
à sombra - as escolas de meia dúzia de alunos não tem paralelo no exterior (países de desenvolvimento e, sobretudo, aspiração, comparável) desde logo pela realidade da agregação demográfica - basta olhar para Espanha, mas também nos citados RU e EUA, e não se encontra a dispersão de povoados microscópicos que nos enxameia o território
por norma, a maior dimensão das urbes - as pequenas, claro, as gigantescas com populações maiores que a totalidade dos portugueses não ajudam nesta (incipientíssima) análise - tem efeitos imediatos de redução de custos, pela escala e potencial de gestão, quer em termos unitários, quer a nível global, resultando optimizada a intervenção em muitos sectores económicos (basta o mercado, não é?) e sociais, educação inclusive
desta base elementar é forçoso extrair-se consequências - e pugnar pela mudança, como o tentaram Guterres e tantos outros governos, com Sócrates finalmente a ter a coragem suplementar de enfrentar as irracionalidades corporativas e político-partidárias, arriscando confrontar tudo e todos para conseguir ganhos grão a grão... - no sentido da optimização de meios, da racionalidade económica, do bom senso, afinal
ao sol - por outro lado, todos aceitamos que não pode haver um hospital ou uma universidade em cada aldeia, por evidentes razões de economia e princípios mínimos de adequação da gestão de recursos - mas há que reconhecer, para além e abstraindo dos óbvios aspectos económicos, que certamente a assistência hospitalar ou a capacidade de investigação científica seriam naturalmente atrofiadas e atrofiadoras: como assegurar a partilha e o espírito competitivo necessários à progressão individual? como constituir equipas? como trabalhar em grupos multidisciplinares?
a pesquisa e o ensino de alto nível realizam-se hoje em escolas resultantes de agrupamentos de universidades, instituições e empresas, crescentemente mesmo a nível internacional
ora, no ensino não superior, à respectiva escala, aplicam-se exactamente os mesmos princípios
claro que um aluno sozinho com uma professora numa escola de aldeia pode vir a ser um génio; tal pode suceder, aliás, mesmo sem professora nem escola de aldeia - mas não pode aplicar-se o raciocínio ao universo estudantil do País, como de nenhum país
e o ensino já não é, universalmente, concebido como sabatina professoral de manhã e de tarde, bem sabemos que é necessário um conjunto de equipamentos e materiais que só escolas melhores preparadas e planeadas podem proporcionar - cantinas, piscinas, ginásios, bibliotecas, centros de recursos, meios de experimentação e pesquisa, e muitos eteceteras
de novo à sombra, mas perto da água - é ainda fundamental um ambiente pedagógico e social (incluindo o simples convívio e inter-relacionamento, multiculturalidade incluída) que propicie o desenvolvimento de capacidades muito para além da mera aprendizagem das matérias lectivas, impossível de obter no contexto ensimesmado das micro-escolas de dúzia e meia de alunos - que, de qualquer modo, não dispensaria outros tantos docentes, pelo menos!
pelo que, salvo melhor opinião, não há volta a dar: há que mudar!!!
ps - seguido de mais sol e splaaaaaaaaaash, eh eh ...
António - não creio que a realidade do ensino superior possa ser exemplo para o ensino básico. E se urge mudar, quem me convence ter sido analisada a situação em todas as respectivas fronteiras e frentes. Na Escócia o ensino doméstico é valorizado e opção das famílias. É certa a diferença abissal que culturalmente nos separa da Escócia, mas jamais até hoje, neste canto pobre em meios e espíritos foi levada a cabo estruturação de fundo bem pensada com vista larga sobre o futuro.
Sou optimista. Talvez seja desta. Mas o termos sempre copiado tarde e mal não é bom augúrio.
Pirata-Vermelho - Coitado do general que numa lapalissada verbalizou. A culpa é do povo que não resistiu ao trocadilho ” S’il n’était pas mort il ferait l’envie “ por “ S’il n‘était pas mort il serait en vie “.
Vai; foi para lembrar que não é 'lapalassiano', como se ouve por aqui há algum tempo (em contextos que nem o trocadilho com 'palaciano' pega... miserere nobis que já nem vergonha há da boutade desnaturada)
Pelo que se vê, não se vê a relação com desnaturada nem com falta de vergonha... era o que faltava!
Se qiser mais uma ajudinha... entenda-se LaPalissiano como sendo ao estilo duma lapalissade (baseado naquilo que já toda a gente sabe, sem nada de palaciano nem outros contextos, a não ser "quem sai aos seus não degenera").
Claro que se não pode ter uma Escola para 10 alunos,claro que Portugal tem um problema de desertificação,claro que Portugal tem tido ,desde Abril de 1974 até aos dias de hoje gente nada entende de educação e ensino . Pontificam onde deveriam existir técnicos de ensino serviçais do ministério das finanças.
E por favor fazer comparaçõers com a España nesta matéria é falar do que se não conhece
'até que se lembrou´ 'até que chegou' 'até que tocou' mas é com a acção do sujeito definida antes, como 'esforçou-se tanto até que tocou nele'
Queria dizer 'até tocou num dos cernes', não era? (Também não há cernes... como não há núcleos, nem âmagos- a não ser em sentido poético que não é aqui o caso)
Se eu fosse Isabel, a Alçada, dividia as disciplinas em dois grupos, como os carros Grupo 1: Português, Matemática e Música (por esta ordem) - nota para passar 12; Grupo 2: as outras todas - nota para passar 10. No ambiente universtário ainda não sei ; talvez quem tivesse, à entrada, média de 14 nestes cernes pudesse deixar de ser obrigado, no caso de não serem curriculares. Os profs do Básico e Secundário seriam avaliados à luz desta proposta e frequentariam reciclagens destas matérias, independentemente da disciplina que leccionassem - dois anos p'o menos. Em três a cinco anos estava tratado o cerne da questão.
ET - quem disse? É por escrever com ñ que se torna verdade? De que galáxia procede? Fica-lhe a
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ET - quem disse? É por escrever com ñ que se torna verdade? De que galáxia procede? Fica-lhe a <a href="http://www.youtube.com/watch?v=njrd2Uc2nRI> a matar </a> <img src="//blogs.sapo.pt/images/mood/LOCAL_LEIRIA.png">
Parece que se está a confundir a Estrada da Beira com a beira da estrada: os técnicos de ensino terão orçamento próprio, tirado da cartola e abençoado pelos anjinhos da sua galáxia?
ao fresco - a realidade do ensino básico é diferente da do ensino superior, certo; mas a necessidade de bom senso, racionalidade económica e medidas inteligentes e corajosas é comum; o raciocínio aplica-se, pois, inteiramente
de mansinho - a comparação da estrutura e distribuição demográfica entre Portugal e Espanha faz todo o sentido no que respeita à organização territorial dos diferentes serviços, privados ou públicos; em Espanha há maior concentração (urbes maiores) e em Portugal há maior dispersão (pequenos povoados dispersos, sobretudo no interior) o que implica um racional económico diferente na aplicação dos recursos em todas as situações em que há economias de escala, como as redes de distribuição logística ou comercial e em geral os serviços de infra-estrutura, pois há uma óbvia redução dos custos unitários na razão directa do nível de concentração populacional; pode ser um raciocínio complexo mas é inatacável; além da optimização logística, de infra-estrutura e de economia, há mesmo o limite mínimo (break even) abaixo do qual nenhuma entidade se dispõe a investir, seja em educação seja no que for - se fosse bom negócio, haveria colégios particulares em todas as aldeias, mas salta à vista que não há e por boas razões, aliás muito compreensíveis e intuitivas; em resumo, a comparação faz todo o sentido, foi feita e impõe-se
relax - naturalmente que deixar o ensino básico ao cuidado das famílias, nas aldeias portuguesas (quem se lembra da curiosa reportagem nas últimas presidenciais, realizada numa aldeia em que os votos foram 100% Cavaco: era tudo analfabetos! aqui ressalvo a inteiura legitimidade da escola eleitoral de cada um e de todos, bem como o respeito devido tanto a que sabe escrever como não - mas tem que se considerar significativa a peculiaridade) seria votá-las ao abandono; tal não constitui, pois, alternativa de espécie alguma - tudo se pode defender, pelo menos durante um bocadinho, mas isto não brada aos céus, seria perpetuar a ignorância e a iliteracia nas novas e futuras gerações, é pura e simplesmente indefensável, em honestidade, mesmo por um niquinho que seja; não, ponto final
ainda uma palavrinha quanto à Escócia, essa sim uma comparação arriscada por incidir em sistemas de ensino diferentes, culturas diferentes e, sobretudo, uma base cultural e níveis de literacia totalmente diversos face ao nosso País
por razões decorrentes do fanatismo religioso protestantista, desde há séculos que a bíblia é impingida a todos os cidadãos, desde novos, em vários países do centro e norte da Europa
com a vantagem - em contraponto à lavagem cerebral e alguma arrogância que lhes fica, coitados - de aprenderem todos a ler e a escrever, razão porque desde há mais de 100 anos foi erradicado o analfabetismo na Escócia (já agora, o País mais rico do Reino Unido e um dos mais ricos do mundo, com o petróleo do mar do Norte que são obrigados a partilhar com os vizinhos britânicos) que tem uma impressionante taxa de invenções e registo de patentes (Watt, Bell, Kelvin, Fleming, Dunlop, mais uma extensa lista podem dar uma pequena ideia) enquanto em Portugal os hábitos de trabalho intelectual não constam no bornal das nossas mais relevantes e notórias características - ah... e há 100 anos, só para concluir a comparação, a taxa de analfabetismo em Portugal era de 80%; estamos entendidos quanto à diferença de nível cultural de base?
claro que o 25 de Abril de 1974, a entrada na Europa Comunitária e os desenvolvimentos nos sistemas de ensino que teimamos em criticar, e bem, mudaram bastante o estado de coisas - mas o ensino deixado às famílias pode ter cabimento na Escócia mas em Portugal seria um desastre, pois há um mínimo de esclarecimento e formação indispensável para se assegurar o ensino - que, como também já vimos, não é hoje a sabatina de há 100 anos, que víamos nos filmes e nas 'madamas' preceptoras -a sociedade de hoje exige muitíssimo mais e há competências que só adquirem em contexto convivial e social
de todo o modo, o elitismo tem muito mérito e cabimento, mas há muito País para cuidar e habilitar antes de colocarem os ovos todos no cesto do ensino familiar
ao contrário, estamos de há poucos anos para cá no bom sentido: rede nacional de creches, generalização do ensino de inglês, meios informáticos...
Ah...desculpe... e um Director em cada escola; e os paizinhos e mãezinhas não entram, manda-se-lhes recados e recebe-se o conhecimento assinado - à antiga em vez de ser à bostoniana.
OLá Teresa: A Educação num País necessita de algumas características básicas: COMPETÊNCIA E CRIATIVIDADE DE QUEM ENSINA; MOTIVAÇÃO E APOIO PARA QUEM APRENDE; INVOLVÊNCIA DOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO NO ACOMPANHAMENTO CONSTANTE DOS EDUCANDOS; ASSUNÇÃO DAS SUAS RESPONSABILIDADES EM CASOS DE INDISCIPLINA E PERTURBAÇÃO PELOS MESMOS EDUCANDOS NO AMBIENTE ESCOLAR; EXIGÊNCIA DOS PROFESSORES POR MELHORES PROGRAMAS ADAPTADOS AO NOSSO TEMPO, COM UTILIZAÇÃO DAS NOVAS FERRAMENTAS E INSTALAÇÕES ESCOLARES ACTUALIZADAS; CRIAÇÃO DE OBJECTIVOS DE EXCELÊNCIA NOS RESULTADOS DAS ESCOLAS, ALUNOS E PROFESSORES; PREMIANDO OS QUE MERECEM! O resto é acessório, é perda de tempo, comparações com outros Países não respeitando as nossas especificidades não ajuda nem resolve! Para não falar das malfadadas Estatísticas! PORTUGAL É PORTUGAL, aquele pequeno rectângulo á beira mar plantado... filosofamos demais e fazemos de menos! Repararam: estou a a falar de Matemática! Um bom dia para a minha Amiga Teresa e Companheiros de bancada! Jorge
- corsariamente d'ac, e em passando a Português, Matemática e Música, tudo com 12, já lhes arredondava os trocos nas outras, excepto ginástica ou como se lhe chama agora, mourinhês ou assim;
- a desnaturação das boutades, também compro, mas que las hay las hay, e muito desnaturadas, certas boutades
Há aqui senhoras que cantam d'ouvido, não s'incmode. guglam d'ouvido que cantar também o ti'alfredo cantava e até o nery o reconhece. E a amália rodrigues... e aquele amaricano que não sabia escrever uma nota, o... (ai o caraças! e agora? já lh'digo)
Brinquemos ao elitismo - obrigado pela referência (http://www.youtube.com/watch?v=mmcGoe4v1ek)
PS- Há quem vá esquecendo o pouco que sabia. Há quem esteja sempre disposto a prender e a reaprender. O que rapidamente se aprendeu pode rapidamente esquecer. Há quem esqueça tudo que lhe ensinaram e conserve uma grande cultura. (vem tudo no Google).
Pirata-Vermelho - agora à «tia» que não sou - do «menino» somente esperadas pérolas Que chatice! (a chatice é da «brega» que sou; pode ir ao dicionário que não consta)
António - à Teresa C. nada tem a agradecer - reconhece-lhe mérito pelo bem pensar e escrever sem crucificar ninguém. Com o António não há depois. Ainda bem!