Margaret Thorvat
Agrupar. Das miudezas fazer maior. Concentrar. Poupar recursos humanos e equipamentos. Gastar em transportes. Inserir no anonimato quem estava habituado a ser rosto conhecido dentro e fora. Os vastos agrupamentos escolares já implantados ou ‘em vias de’, numa primeira abordagem, parecerem adequados a pôr cobro à triste realidade dos primeiros anos do ensino básico nas zonas mais carenciadas. Porém, dúvida metódica se interpõe - estratégia copiada do exterior, validada por investigações e resultados, adaptada a quem somos e ao que temos, ou motivada pelo nacional ‘desenrasca’ sendo necessário reduzir custos sob aparência de tentadora maçã suculenta e lustrosa?
«Lapalassiano» é repetir não servirem escolas que misturam escassos alunos de quatro ciclos diferentes atendidos por um só professor, com tecnologias limitadas a Magalhães, deficientemente providas doutros recursos indispensáveis. Os incensados agrupamentos servirão melhor uma política séria na Educação traduzida em resultados genuinamente satisfatórios e não fruto de malabarismos numéricos? Fontes de poupança no imediato, posteriormente despesistas?
No Reino Unido, nos Estados Unidos, o anonimato inerente a escolas de grande dimensão não beneficiou os alunos. Nesses países, os dados provaram maior insucesso escolar. Nos estabelecimentos com mais de 900 alunos “a função dos docentes passou frequentemente a ser mais a de "apagar fogos" do que a de ensinar, os alunos tendem a sentir-se menos motivados e os professores menos felizes com o ambiente vivido”. No horizonte, portanto, despesa acrescida pelas retenções. Por tudo, naqueles países é aposta escolas mais pequenas, melhor qualificadas e com maior autonomia, implementação de novos currículos, fixação de um corpo docente mais qualificado.
Inovar em Educação não tem sido característica nossa, também por incapacidade de elaborar programa bem estruturado e agregador das sensibilidades políticas. A volatilidade dos sucessivos ministros não ajuda por associar causa e consequência. Por outro lado a multiculturalidade presente nas escolas exige resposta a preceito. Não sendo o caso, repetem-se situações destas:
“ _ a professora, faz a chamada.
_ Mustafá El-Ekhseri.
_ Presente!
_ Obamba Moluni.
_ Presente!
_ Achmed El-Cabul.
_ Presente!
_ Evo Menchú.
_ Presente!
_ Yao Ming Chao.
_ Presente!
_ Al Ber Tomar Tinsdi-As.
Ninguém responde. Repete a professora:
_ Al Ber Tomar Tinsdi-As.
Ninguém responde. Pela última vez:
_ Al Ber Tomar Tinsdi-As.
Levanta-se um miúdo.
_ Devo ser eu professora, mas pronuncia-se Alberto Martins Dias.”
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros