Imigrantes. Os nossos são heróis lá fora, os que chegam são perigo a evitar. E depois temo-nos por hospitaleiros, por cordatos, tolerantes, anti-racistas e ai de quem contradisser a canastra cheia de qualidades transportada na cabeça. O pregão soa nas ruelas e calçadas e bairros e urbes e aldeias. Porém, entrados num quiosque ou em qualquer loja/lojeca, atendimento com sotaque do Brasil, ou colorido por tom inesperado na pele, empina nariz português. Daí ao refúgio em conceitos primários é salto curto. As brasileiras são armadilhas ambulantes prontas a caçar homens amarrados ou não, brasileiros são madraços, negros acumulam preguiça com actividades mais escuras do que eles, indianos são sovinas com alvará e porta aberta, ciganos são gentalha à cata de borrascas e larápios como profissão, os de Leste corporativamente associados em máfias. Mas aqui d’el rei que os franceses são chauvinistas e não desistem de tomar a imigrante nossa por la petite portugaise que limpa escadas e o rabinho dos bebés autóctones.
Vista a Ludmila, Mila é diminutivo, ouvindo a brasileira da Baía, 19 anos, há dez em Portugal trazida pela família que entre Lisboa e a Margem Sul se fixou, é logro enquadrá-la na injustiça dos estereótipos. Trabalha para obter licenciatura em Nutricionismo. Discurso correcto e fluido. Sensato. Quem dera a muitos nacionais parecido domínio da língua portuguesa, capacidade de trabalho e sacrifício a troco de bem intelectual! Consciente, a Mila, de vir a obter salário menor, enquanto licenciada, do que o auferido hoje .
No remate da cortesia que o palato agradeceu, mais houve que a linda baiana com sol afundo.
Veneno C. - terá a fineza de me explicar o porquê da supressão? Não entendi mesmo! Semelhante com a relação do artigo com o conteúdo do texto. Acordei cedo demais, só pode!
Ainda bem que existe o diabo: os mosquitos são uma praga desgraçada. O tipo é inteligente, esperto, pragmático, objectivo, cartesiano, top gun: dá utilidade ao rabo.
(NdR: há anjos que nem isso fazem... bajulam... e até o diabo foje deles... qu'azar!) get a life!
Nem só de relações nos relacionamos... mas também de outras ligações que nos sabem bem. Pois é:
«Por mais irrefletida que seja uma atitude, o bom caminho sempre se apresenta ainda que na intuição, faculdade mal compreendida. Talvez sejamos destinados ao altruísmo ao contrário do que pensam os que se especializaram em semear agonia e discórdia.
Luta pela sobrevivência num capitalismo decadente? Ou convicção de que não prestamos conta de nossos atos? A humanidade não regride. O que acontece é que um número maior de seres predadores concentra-se no mesmo perímetro sufocado, o planeta Terra. O aumento populacional tem transformado esta esfera num lugar insuportável.»
«Não é possível avançar sem refletir sobre o acúmulo de contradições e dilemas que a História nos herdou. Qualquer tentativa de construir sobre processos inacabados é estéril, portanto.»
E vários casos são referidos chamando a tenção para a injustiça com que alguns poderes (mal)tratam povos desfavorecidos...
E muito mais que ali vem... e bem... precisamente no "Jornal Grande Bahia" da terra da linda Mila.
Veneno C. - muito reflectir sugere esta leitura cirúrgica e chamada de atenção assisada. A terra da lindíssima Mila não conheço. Um dia, se a vontade determinar, lá rumarei para sentir o pulsar da realidade fora de 'resorts' que nada contam da vida baiana.
Fazer uma crónica deste género é sem duvida um trabalho de observação e pesquisa verbal,dialogo. É salientado na crónica o esforço de uma jovem em terra estranha para ir mais além. Que pena,por manifesta falta de capacidade cógnitiva um ou outro comentário estarem totalmente desfazados do tema. Uns outros com manifesta tentativa da saliencia literária meramentre pacóvia e ridicula