Quarta-feira, 8 de Setembro de 2010

QUANDO OS TRÓPICOS SOMOS NÓS

 

Graham-McKean, Ryan Obermeyer

 

Ora o céu acizentou! Bem-haja. Pingou e deixou brilhante, de húmido, o asfalto. A prometer aguaceiros e, não se arme em sovina, chuvadas sérias. Talvez não para já, mas venham elas. Um lençol fino sabe, agora, bem sobre a nudez. É vero manterem-se as persianas semi-descidas e as portadas abertas; todavia, dias atrás, o bafo estiolava a pele e o conteúdo de que ela é continente. Pepineira de que havia fartança.

 

Não fossem as enxurradas em Seia e Chaves, o prenúncio de ‘Outono com todos’ era brinde do calendário. Mas não. Os incêndios lamberam e comeram o que dos solos era sustento, as encostas apresentam careca radical. É abusivo o débito d’águas causado por mini-tufões e outras tempestades tropicais fora de sítio que a desgovernada meteorologia dissemina, seja ou não propício o lugar. Pelos declives rolam lamas e lixo orgânico da terra exposta. Pessoas e economia afectadas prolongam a tragédia incendiária ao serviço da loucura de Neros sem império.

 

Afadigam-se serviços governamentais na sementeira urgente de plantas herbáceas nos solos nus. Antes, foi a limpeza e a desobstrução das linhas de água. Desperdícios na forma de troncos e outros orgânicos constituídas barreiras contra o arrastamento das terras. Não foram os cuidados de emergência, um a dois milhares de anos seria o prazo longo e natural para a regeneração espontânea dos chãos que, até ao drama, eram tapete fofo de carumas, convenientemente vestidos para protegerem as gentes que nas faldas vivem.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:18
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
4 comentários:
De António a 9 de Setembro de 2010
ainda haverá Verão, que mais não seja o de São Martinho!

das prenunciadas, vá de redobrar os cuidados, não vá o piso oleado tecer desgraça...

e o acessoriozinho, acudam, o primeiro emprestado ou de braço dado mas vistoria às varetas impõe-se a preceito!!

que o tempo de molha aí está!!!

;_)))


De Maria Brojo a 9 de Setembro de 2010
António - respirando, sem estertor, o Verão, amanhã palmilharei 15 km de areal, corpo dentro e fora do mar troiano. Não sendo Helena, trocarei o tear por caminhos encharcados que não me aviltam a paciência.
De perseu a 9 de Setembro de 2010
Enquanto não existe a severidade de Talião para quem 'ecomenda'esses incendios aos desgraçados que os ateiam nada feito.
Quanto à reflorestação deve executada ser a mando de quem sabe e não de qualquer inclassificado ministro(!) que não seja presa fácil dos empórios produtores de papel.
De Maria Brojo a 9 de Setembro de 2010
Perseu - as best as u can!

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