Ler Eça e absorver a fusão entre romantismo e realismo. Apetitosamente mordaz nas personagens tipificadas, deliberadamente escolhidas para intocável retrato do país. Desfolhada a última página, tirar um café e estender visão íntima pelo que éramos e somos. Antes e agora, um sítio, este Portugal de ambições que a história enumera e soube, infelicidade nossa, desbaratar o havido. Começou o imbecil D. Fernando I e dele até agora, à custa da miséria do povo, só o narigudo Salazar comporia os cofres do Estado. Tenho para mim que poder nas mãos de bem apessoados reinantes (literal ou metaforicamente), exaurem as finanças públicas. Salazar tinha aquele ar de judeu das caricaturas que lendas e contos associam a avareza e a olho longo sobre o alheio. O nariz ajudava, a origem beirã complementava o modo como era e é lido nos feitos e defeitos.
Lá fora, Jane Austen, nascida, aproximadamente, três quartos de século mais cedo que Eça, não lhe ficou atrás. Através de ficções românticas, como era de bem para mulher filha da sua época, lidava com as palavras melhor do que com feitura de sandes de pepino. Intervinha cirurgicamente na sociedade que a envolvia – escrita cortante, subtilmente irónica. Sem piedade esventrava a desinteligência dos normativos públicos, tanto mais rígidos quando o estatuto económico subia ou era almejado trepar na rígida escada social. Desenhava homens perfeitos, mulheres frágeis e vítimas de tentação.
O texto despretensioso (Sexo? Sim, mas com orgasmo!) em que a Teresa C. aborda inquietação e dúvidas femininas sobre o constatado nos comportamentos de alguns homens sem que sobre eles teça vilanias, não foi genericamente entendido. Tomado como panfletário, súmula de queixas e mágoas de mulheres consignadas pelo estereótipo em uso. As argumentações dos comentadores provam-no. A razão última do ruído na comunicação escrita prende-se com a falta de talento em objectivar questões pela imitação rafeira de cronista que, querendo ou sem querer, a Teresa C. é.
«Jane Austen (Steventon, Reino Unido, 16 de dezembro de 1775 – Winchester, Reino Unido, 18 de julho de 1817) foi uma proeminente escritora inglesa, que representa o exemplo de uma vida que, sem grandes sobressaltos, em nada reduziu a estatura da sua ficção. A ironia que utiliza para descrever as personagens de seus romances a coloca entre os clássicos, haja visto sua aceitação, inclusive na atualidade, sendo constantemente objeto de estudo acadêmico, e alcançando um público bastante amplo.
Nascida em Steventon, Hampshire, de uma família pertencente à burguesia agrária, sua situação e ambiente serviram de contexto para todas as suas obras, cujo tema gira em torno do casamento da protagonista. A inocência das obras de Austen é apenas aparente, e pode ser interpretada de várias maneiras. Os meios acadêmicos a têm considerado uma escritora conservadora, apesar de a crítica feminista atual reconhecer em suas obras uma dramatização do pensamento de Mary Wollstonecraft sobre a educação da mulher.»
Desculpe Teresa,mas qualquer referencia ao ultramontano provoca-me revolta e ódio. A qualidade da crónica,a qulidade do video e o jogo geométrico nele contido foram largamente compensatórios de referencia ao manhoso.
Ultramontano (Espanha) partidário do ultramontanismo, ou seja, aquele que defende um maior poder temporal para a Igreja Católica, em detrimento do Estado.
Ultramontanismo refere-se à doutrina política católica que busca em Roma a sua principal referência. Este movimento surgiu na França na primeira metade do século XIX. Reforça e defende o poder e as prerrogativas do papa em matéria de disciplina e fé.
Destacaram-se como líderes deste pensamento Joseph de Maistre, Lamennais, Louis Veuillot, dentre outros.
Este movimento católico pretendia contrariar o fenómeno de que “na França, como em outras partes do mundo católico, a Igreja estava se tornando inexoravelmente um departamento do Estado.” (Eamon Duffy)
Por qué no te callas, huevón?
Vete a descansar desenchúfate de una vez! (http://s234.photobucket.com/albums/ee35/asbu/?action=view¤t=los10mandamientosdelhuevon.jpg&newest=1)
Veja-se-m'então lá bem bem só ao qu'isto chegou...
1 a autora -Teresa C- fala de si na 3ª pessoa, majestática 2 diz que foi tido por panfleto aquilo que... será o quê? 3 (ora, nem crónica nem panfleto; cá pra mim...) 4 'e tudo' num quadro de referências implícitas que não se contanta com menos que a Jane Austen. 5 ah, qu'a ganda lata! & é não esquecendo que o, assim dito, tema era aquela conversa sobre ameaços e fodilanços que nada tem a ver com a arte disso mesmo de tão estafada que está no palavreado fiado qu'a gente pr'aí usa.
Pirata-Vermelho - Ok, sexo é tema maldito, muito do resto é tido por copianço, falta de criatividade e bom uso do escrever português são pecados da dona da Teresa C. Que bom para ambas!
Agora... a pobre é que paga? E a mulher que se esconde por trás? Inquietações? Súmulas de queixas e mágoas? Estereótipo em uso... da mulher ou do homem? Há bons manuais publicados. Há organizações de apoio. Organizem-se e façam pela Vida.
o Corpo e a Cabeça (http://www.youtube.com/watch?v=R8DrXK8WS4k)
Pois é... precipitou-se e mostra bem que é demasiado lesto a molestar. Muito paternalista... Avôzinho? Nem isso. O comentário não é ao seu comentário. Até parece a autora a defender-se da Dona. ;-))
'Olha-m'este' pensei eu; antes de si, sem si mas a pensar em si, incipiente, há uma data de tempo! Vê-se que actua com'o papagaio ou como o macaquinho qu'imita sem saber o quê. Já viu um chimpazé? Tal e qual... só não 'googla'.
(o verbo 'googlar' foi aprendido em texto seu, já antigo; uso para que possa perceber o que digo)
Ganda novidade. Previsível ao máximo. 'Googlar' incomoda? Que pena... Copiar também? Peníssima. Faço o que me agrada e que cumpre com os meus objectivos. Divirto-me, também. Quais são as regras do jogo? Não copiarás... Não 'googlarás'... apenas arrotarás as postas que bem entenderes... ditarás acima dos outros as tuas normas. Isto é um concurso de exibição de 'sapiência'. Conheço figuras bem mais antipáticas que a do chimpanzé (não sei se está a ver... ) e nutro especial simpatia pelo papagaio (acabei de lhe dar girassol) e pelo macaquinho, que encontro a cada momento... sabe-se lá onde? Passe bem, não (se) incomode.
Lapsus teclae - Reparo que terá aludido (involuntariamente?) a uma figura inovadora e que poderá estar-lhe no sangue (vermelho?): chimpazé.
Com essa não simpatizo nada... e convirá tomar providências.
Admito que o seu 'status' permita enxergar a realidade, mas... na dúvida... lá vou recorrer mais uma vez à 'googlagem' e enriquecer (ilustrar?) esta imitação com uma bela imagem, à semelhança dum grande pensa-dor da nossa 'praça' (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lightmatter_chimp.jpg)
«Uma mulher foi com o marido ao zoológico e, quando chegaram perto da jaula do chimpanzé, seu marido lhe contou que o chimpanzé tem o apetite sexual parecido com o do homem, inclusive se excita com mulheres.
A mulher ficou toda assanhada e resolveu experimentar, chamando o chimpanzé e passando a mão nas coxas... O chimpanzé arregalou os olhos para a mulher e esta, satisfeita com a reação do chimpanzé, resolveu levantar a saia e mostrar a calcinha para ele. O chimpanzé começou a urrar e gritar. A mulher, mais empolgada ainda, resolveu tirar a blusa para o chimpanzé e ele gritou e começou a balançar a grade da jaula.
O marido lhe advertiu para que parasse, mas ela prosseguiu:
— Quero ver o que ele faz agora!
E tirou por completo sua roupa, ficando nua na frente do chimpanzé. Este gritou, não aguentou e arrebentou a grade, vindo na direção da mulher:
— E agora, querido, o que que eu faço?
E o marido respondeu:
— Por que você não tenta explicar para ele que está com dor de cabeça, ou que acabou de fazer as unhas?»
Maldito Google! Embora possamos recorrer a muitos outros malefícios das novas tecnologias... este está institucionalizado e ajuda muito (até a irritar os que pensam ter algum exclusivo sobre o dom de 'axiomatizar'). TARRENEGO!
Teresa, "no way" :) Na minha opinião, o referido post não foi tomado por panfletário. Os comentários apenas atestam o desconforto que o tema (ainda) provoca em alguns homens. E que é uma ilusão imensa dizer que se pode debater questões de sexualidade com "naturalidade". E lembrei-me (imagine) de um artigo do J Cesar das Neves sobre a "ditadura do orgasmo". Logo algumas "mentes abertas" apareceram a barafustar. Mas, será que estamos assim tão longe da referida "ditadura"? Se o um texto brilhante refere que a expressão física do desejo e do afecto pode não ter como objectivo supremo o orgasmo (foi assim que interpretei o post da Teresa) e suscita comentários embaraçados e muito cautelosos? Vou reflectir :)
reflectir é sempre bem, tomo também medida do princípio activo receitado e subscrevo inteiramente a nota do desconforto observado, que aliás ouvi em comentários não escritos ao mesmo post - sim, a audiência do SPNI é mais vasta que a lista de comentadores!
porém, não se poderá, sem hesitar, restringir tal desconforto a "alguns homens", partilhado que é por muitos homens e muitas mulheres
oportuno é, pois, o texto de Dario Fo, também assim a sua encenação, como a sua corajosa representação - e, obviamente, a referência e realce em que o post sob comentário se traduz
num comentário inicial, procurei unificar, sem exegese nem qualquer pretensão, as abordagens dos diferentes temas que inspiraram o post: Moçambique, a reforma, a comédia (genial, tratar a rir um assunto sério, precisamente para o descomplicar e nos descomplexar) sobre o orgasmo
as reacções provam o nervosismo, mais que mero desconforto
o tema é ou pode ser múltiplo, simultâneo e explosivo, já sabemos
Reflectir é sempre bem (quando não é mal). Reflectir será bom fazê-lo antes de de concluir, antes de publicitar. Ou, simplesmente, opina-se, sendo-se livre de pensar, opinar, exprimir.
Mas há o respeito pelas diferenças e pelas consequência e pelas circunstâncias.
Dois homens, duas mulheres, cada par/casal/ocasião, cada trio/quadra/etc., terão sexo (relação sexual) com resultados diferentes (melhores/piores) emocional e fisicamente, com suas alegrias/tristezas, sem que isso deva ser tema de confronto por pior/melhor desempenho dum ou dos dois.
Como noutras situações do foro pessoal (íntimo?).
Para quê a salvaguarda do dados pessoais? Só para evitar/dificultar que o fisco cobre aquilo que deve? Para permitir esconder/forjar iegalidades?
Não consigo entender onde se quer chegar, reflectindo. Entendo a comédia, como diversão. Tema fácil, por irreverente, como a gaguez, a coxice, o estrabismo, a obesidade... e tantas outras anomalias do foro pessoal/humano.
As anomalias/doenças tratam-se sem ser na 'praça pública' (hemorróidas, mau hálito, tuberculose, cancro, sida) ou então acabe-se com o sigilo profissional.
Hoje discute-se (e recrimina-se) que os jovens alunos mais carenciados possam vir a sentir-se diminuídos/excluídos/traumatizados por não receberem os livros nas mesmas condições que os 'mais favorecidos'.
Há auto-estima em jogo? Há riscos de danos causados por complexos inferioridade/superioridade? Reflitamos... O que se ganha/perde humana/socialmente? Não importa? Mostarda é refresco? Sinceramente, a 'piada' é pouca ou é negra.
A orelha do Sousa Franco ficou menos feliz na boca do Paulinho, como a sua falta de descendência ficou baixa na língua do Louçã.
Como a irreverência do Herman... já foi (bem pior).
«1994-95 In October, Franca opens in Milan with "Sesso? Grazie, tanto per gradire!", by Franca Rame and Jacopo and Dario Fo, based on Jacopo Fo's book Lo zen e l'arte di scopare (more than 300 000 copies sold). In the grotesque and ironic text, Franca Rame - departing from her own first sexual experiences - illustrates how we are kept in the dark as we grow up, with the idea that sexuality - above all women's sexuality - is something indecent. At first, the Ministerial Commission for Censorship bans the performance for minors under 18 years. After two months of press campaigns and litigation, the ban is dropped, and the performance is described as "brimming with profound maternal love and therefore recommended to minors".»
in http://nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1997/fo-bio.html
Tal como nos vários programas de ensino... vale (quase) tudo em nome duma mudança, pela mudança, pelo romper com o passado, pelo publicar/vender sempre mais, sem preservar valores essenciais, anarquizando até. Família? Bem estar? Ah... estamos em crise! Big Brother (1, 2, 3, ...), Morangos (com Veneno), ...
o exemplo de tratar de doenças (sida, cancro...) fora da praça público falha completamente a componente de percepção colectiva e dos comportamentos sociais, quantas vezes preconceituosos até um esforço adequado, ainda que por via de teatralização ou assimilação noutras esferas artísticas ou da intervenção cívica
também assim quanto a outros comportamentos: a corrupção, o abuso de poder, etc., de que ninguém passa recibo e muitas vezes são abafados ou não reconhecidos até à sua denúncia e discussão públicas
porque o problema está precisamente em muitos não entenderem que há um problema
Leonor - entendeu muito bem o que quis transmitir. Que ninguém julgue que me abate pelo refúgio nos ataques comuns. Coitados dos eles que mais rejeitam expor, conquanto vejam - digo eu, porque optimista.