Sexta-feira, 24 de Setembro de 2010

A FALA DO SILÊNCIO-AMOR

Autores que não foi possível identificar

 

Un Homme qu'il me Plaît, o “Homem que eu Amo”, de Claude Lelouch sumiu dos DVDs p’ra venda ou aluguer, os canais dedicados esqueceram-no. De acordo com a tradição dos críticos de cinema foi e é considerada obra menor. Dizem-na fita revisitada com fundamento na fórmula que fez do “Um Homem, Um Mulher”, do mesmo realizador, filme referência. Lelouch foi tido como auto plagiador de histórias românticas que, pela fotografia e banda sonora de Francis Lai, bem podiam ser spots publicitários. Mas não. Foi o contrário – a publicidade inspirou-se no director e repetiu, à exaustão, a receita.

 

No “Homem que eu Amo”, uma mulher (Annie Girardot) apaixona-se por um homem (Jean-Paul Belmondo). Ela julga retribuído o seu amor. O olhar de Annie prova-o quando os dois são passageiros de um pequeno avião onde nada mais cabe que um amor incerto. Outra sequência em que o silêncio impera, tal como na anterior dominada pela mímica de Belmondo, é a de Annie, perto do final, esperando o homem que prometera reencontrá-la. Angustiada, toma um café no aeroporto, observa a aterragem do avião. Silêncio. A música de Francis Lai é fala. Na expressão da mulher, a densidade de sentimentos como só uma grande actriz é capaz. Un Homme qu'il me Plaît irá chegar?

 

Com idade avançada, Annie Girardot padece de Alzheimer. Como tantos outros. Como a mãe de uma querida amiga. A filha atende-a diariamente – a de Annie e a minha amiga. Mas a actriz, no seu mutismo e mundo outro, nem por uma vez denunciou lembrar-se do seu passado célebre. Giulia Salvatori, a filha que teve com Renato Salvatori, sabe que ouvir Brassens a anima. Rompe a galáxia onde se resguardou. O silêncio/alheamento dos pacientes de Alzheimer protege-os? Em que meandros lhes deslizará o espírito? Difícil é aceitar a dor por um amor vivo que partiu sem partir.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:38
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
15 comentários:
De António a 24 de Setembro de 2010
todo o amor faz doer, dizem!

incluindo (ou sobretudo? vá, digam!!) o construído na arte do silêncio

e quando não há um espacinho...

;_)))




ps - falamos com muitas pessoas e até gritamos com algumas de quem não estamos a gritar, e não falamos a muitas, naturalmente; mas com poucas partilhamos o silêncio!!!


De Maria Brojo a 27 de Setembro de 2010
António - partilha de silêncios requer cumplicidade ou o histórico que a determinou. Fruída ainda assim.
De Acúçar C. a 24 de Setembro de 2010
'Un homme qui me plaît' não quererá necessáriamente significar 'Homem que eu amo'.

As expressões dum actor não são necessariamente as dum verdadeiro sentimento na vida real.

O silêncio Alzheimer não é algo que devamos querer ficcionar, pois será mais um entre tantos outros, doentios ou não doentios.

É de ouro o silêncio? E de prata a palavra?
E o diamante representará o quê?
Os cegos não amam?
O amor está num gesto, num olhar, numa companhia, numa flor, num beijo, num abraço, numa saudade, numa lágrima?

http://www.youtube.com/watch?v=VflKiZzb4h4&feature=related
De Veneno C. a 24 de Setembro de 2010
I got a feeling... (pouco abonatório)

"Un homme qui me plait" (A man I like),although it has a plot -a love affair between two married people (with two generally nice actors:Belmondo and Annie Girardot) who both work on a film and who combine business with pleasure - does not amount to much.I've got the impression that Lelouch was more interested in the U.S.A. than in his tepid trite story.

Belmondo tells it all in one of his lines:"Why make such a film? Rich people in beautiful cars staying in luxury hotels ,who cares?"Pretty smart on his part!

Com tranquilidade... e sem silêncio ;-))

http://www.youtube.com/watch?v=MWi6fYfZtU0
De Maria Brojo a 27 de Setembro de 2010
Açúcar C. - e viva a 'peladinha' redonda que as gentes alegra!
De Acúçar C. a 27 de Setembro de 2010
A minha 'peladinha' não é mesmo redonda, nem venenosa, mas alegra o mais possível... ;-)
De Acúçar C. a 25 de Setembro de 2010
Espero que vejam e ouçam o mesmo que eu vi e ouvi.

Tenham paz... quase em silêncio... maravilhoso!

http://www.pintoresonline.com.br/pps747.pps
De Acúçar C. a 25 de Setembro de 2010
OBS. - Na opção 'ecrã inteiro' (logo desde o início da apresentação) há melhor ritmo e a música acompanha até ao final...

De Maria Brojo a 27 de Setembro de 2010
Açúcar C. - ouvimos a mesma música como escreveu o Carlos Tê e o Rui cantou.
De Acúçar C. a 27 de Setembro de 2010
Vou à procura deles... será que plagiaram Simon & Garfunkel?
De Acúçar C. a 27 de Setembro de 2010
Not Lavigne... She's quite noisy ;-)

Será alguma destas?

A Origem do Mal
Arménio (o trolha da Areosa)
Bairro do Oriente
Do Meu Vagar
Fado do ladrão enamorado
Jura
Lado Lunar
Lagos de cristais
Não há estrelas no céu
O prometido é devido
O que eu quero ser quando for grande
Paixão (anel de Rubi ... Rivoli)
Porto Côvo
Porto Sentido
Sei de uma camponesa
De Acúçar C. a 27 de Setembro de 2010
Ou esta?

Nunca voltes ao lugar
Onde já foste feliz
Por muito que o coração diga
Não faças o que ele diz

Nunca mais voltes à casa
Onde ardeste de paixão
Só encontrarás erva rasa
Por entre as lajes do chão

Nada do que por lá vires
Será como no passado
Não queiras reacender
Um lume já apagado

São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez

Por grande a tentação
Que te crie a saudade
Não mates a recordação
Que lembra a felicidade

Nunca voltes ao lugar
Onde o arco-íris se pôs
Só encontrarás a cinza
Que dá na garganta nós

São as regras da sensatez
Vais sair a dizer que desta é de vez

http://www.youtube.com/watch?v=UytwOQ4h69w&feature=player_embedded#!
De perseu a 27 de Setembro de 2010
Porquê DEUS?

Se existes,se és amor e perdão porque consentes nestes e outros sofrimentos?
Que Pai és Tu?
De Acúçar C. a 27 de Setembro de 2010
Não há 'se's' em Deus.

Ele está em Nós. Ou não?

Podêmos admirá-lo, na Obra. Não podemos questioná-lo nem entendê-lo. Transcende-nos. Somos livres.

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