Neste Outono nascido há par de dias, houve a graça dos céus duma chuva bem-vinda que da terra fez exalar cheiro de molha. Talvez as raízes profundas não tenham bebido o bastante, mas as cobertas por fina malha de solo embriagaram-se de felicidade. Porque as raízes sentem ao seu modo vegetal as penúrias e as bênçãos dos humanos e da meteorologia, brilham as folhas dos loendros no separador de faixas da avenida em frente. Para os plátanos veio tarde o choro de alegria da aerosfera – já as folhas misturam o cobre com verde esmaecido.
Num sábado soalheiro, liberto de obrigações, a frescura condiz com a Estação recém-nada. Apetece tudo. Apetece que a luz solar não se esconda. E vem à memória o sofrimento negro dos 33 mineiros chilenos desde 5 de Agosto sob o solo profundo da mina de Sam José. Para Novembro é esperado que a perfuradora habituada a cheirar petróleo, atinja os 700 metros de profundidade onde, em espaço exíguo, penam os homens.
Os corpos dos soterrados preparam o resgate através de exercícios respiratórios e outros que lhes modifiquem a postura para a subida em cápsula metálica na posição vertical. "O treino é o 'L1-Modificado', usado por pilotos de combate, para cooperar e ajudar o sangue a subir das extremidades inferiores para cima, para evitar desmaios por permanência numa posição rígida".
Se a preparação física está, no possível, cuidada, como regularão os mineiros o psiquismo, a afectividade, a espera, os conflitos e as lideranças que na tragédia surgem? Tantos dias negros sem mais à vista que os pares e a terra e os escombros malvados da mina que antes de desabar já ‘chorava’! Como este acontecimento traumático lhes afectará as vidas? Em honra deles, celebrar a vida e a esperança, beber o sol e oferecer-lhes um trago.
Depende do que dá mais jeito. À vezes, mais valeria que escrevesse direito em portunhol, galego, francês ou inglês e não tratasse mal o português com termos e sintaxes desapropriados. Já por aqui foi referida a metaescrita, mas não é coisa interessante, pelos vistos?
"Somos atirados na merda por causa do uso imperfeito que fazemos do bem." Norman Mailer
Escrita criativa poderá ser (também) forma de criar complexidades (des)propositadas, diria antes, desapropriadas, dificultando (muito provavelmente) boas leituras?
Há quem se esforce... há quem consiga...
"Sempre senti a forma como ela me olhava cada vez que entrava na sala. De sorriso malicioso nos lábios, movia-se com a graciosidade de uma serpente. Seduzia e encantava todos aqueles que ingenuamente caiam no seu colo sedoso. A mim nunca me confundiu : puro veneno. No início achava que a poderia matar de uma forma serena - quem sabe encher o belo copo de vidro reluzente de qualquer espécie de droga? Ao longo do tempo a vozinha da consciência pediu para me tornar mais agressiva. Degolada? Asfixiada? Afogada? Com um tiro na testa? Não me parecia suficiente. A inveja turvava-me os sentidos; quem era aquela mulher afinal que manipulava" http://www.escreva.com/desafio.php?d=331
Aqui, a coisa 'fia mais fino' http://www.escritacriativa.net/escrita/index.php http://cvc.instituto-camoes.pt/laboratorio-de-escrita-criativa-nivel-introdutorio.html http://www.escreverescrever.com/verCurso.php?id_curso=42
Aqui, o estafado 'tira-teimas' http://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita_criativa
E porque sou suficientemente ocioso (e sabendo que poderá ser algo maçador fazer aqui todas estas referências, num estilo nada criativo...) fica por aqui esta missão comprida!