Há pessoas assim: sugam a energia de quem as rodeia sem respeito ou pudor. Recolhem nutrientes como planta parasita desenvolvida pelo enleio noutras. A luz solar não lhes chega, e, casos alguns, desprezam a clorofila e a fotossíntese. Ladras vegetais, com órgãos próprios rasgam caules e raízes das vítimas seleccionadas. Colam os tecidos das respectivas musculaturas, extorquem os solutos vitais da parasitada. As carnívoras roubam aos corpos alheios o azoto que lhes falta. Tiranizam-nos. Chupam proteínas e aminoácidos. Dificultam o crescer do vegetal desafortunado escolhido. Tecem armadilhas mais frequentes nas insuspeitas folhas do que nas flores, exalam aromas sedutores que fascinam as presas sem que lhes digiram os corpos – bebê-las, sim, é objectivo. Lentamente, retiram-lhes a energia vital. Ardilosas, portanto. Criminosas, também.
Evitando chamar à colação trânsito de energias malinas, espiritismos lúgubres ou halos que envolvem as gentes e especialistas de nada asseguram ler, larápios enfiam a mão nas carteiras onde é guardada a alegria. Levam-na com eles. Somam vítimas. Somam pecúlio oportunista. Somam vitalidades doutrem que desbaratam por não sabem gerir e poderiam alterar-lhes o desgraçado caminho.
Prevenção. Eriçar defesas contra parasitismo carteirista das vidas. Impedir proximidade dos roubadores da seiva/vida.
Há ali um '-nos' (involuntário?) que atraiçoa a parábola vegetal e que nos perturba por denunciar a mágoa humana do desencanto.
Um inverno distante, frio, cinzento, calmante, redentor, fará a sua cruzada, fechando o ciclo estacional para abrir caminho a uma retoma que se vai desejando, repetindo, inexoravel.
There's got to be a morning after If we can hold on through the night We have a chance to find the sunshine Let's keep on lookin' for the light
Oh, can't you see the morning after It's waiting right outside the storm Why don't we cross the bridge together And find a place that's safe and warm
It's not too late, we should be giving Only with love can we climb It's not too late, not while we're living Let's put our hands out in time
There's got to be a morning after We're moving closer to the shore I know we'll be there by tomorrow And we'll escape the darkness We won't be searchin' any more
Açúcar C. - esse 'nos' tal como bem entendeu. denunciou a parábola. Foi deliberado. A sua sugestão segunda encantou-me. Recolhi-a nos Tesouros do SPNI.
É genético, geracional ou gerontologia - o optimismo conta ventos e trovoadas (para usar a metáfora do dia) . Se fosse sócio do pêcê dizia socrático... não sendo digo que vejo esse filme há vinte anos- quase tantos como os do 'nosso' afundamento. Lembra a cantilena de uns mangas de alpaca, os licenciados de hoje, na peça de estreia do Teatro Moderno de Lsboa (não conhece mas descanse... não está só), em 1961 - 'viv'a vida alegre e divertida-viv'a vida alegre e divertida-viv'a vida alegre e divertida... eram uns desgraçados, tesos e endividados; talvez com boas intenções mas tristes e mal pagos. Viv'a vida, alegre e divertida, amiga Teresa!
(ou, em modo terr'a-terra, como dizia há muitos anos um barrasco meu conhecido - 'eu quero é rir-me, dar'ó cu e vir-me'. A diferença é só de estilo; o alheamento é que pode ser o mesmo)
Claro que sim Teresa. Esse parasitismo não é mais do que a exploração miseravel das Muheres e Homens de boa vontade. É ver essa verminia nos encontros socias,na seson,nas vernisages e nas reentrés.