Terça-feira, 19 de Outubro de 2010

AMOR EM CÓLERA E GUERRA

Kate Kretz, Marc Lee

 

O amor resiste à crueldade dos tempos e, por ora, escapa aos indicadores económicos, quais radiografias ou ecos ou tacs que analisam subterrâneos do visível a olho nu. Ninguém se opõe ao sentimento de mansinho insinuado ou nega escancarar a janela íntima se ele bate com força e entra abruptamente. Pode negá-lo depois, amaldiçoá-lo até, esquecê-lo, não fora um qualquer dia em que a memória retrocede e o emoldura com ouro ou metal corroído.

 

A Embaixadora da Boa Vontade da ONU para os Refugiados, Angelina, Jolie de apelido e jolie de facto, tanto recebeu ao dar presença e afecto e esperança que acumulou reserva bastante para realizar o seu 1º filme. De amor com sofrimento e mágoa. Com renascer de corpo e alma. Provocador ao defrontar ódios étnicos que desde os noventa de 2000 até hoje separam sérvios e bósnios. Na essência, o guião conta a paixão nascida entre uma mulher de Saraievo, muçulmana, e o seu violador, soldado sérvio. Em Abril, Angelina visitou os campos de refugiados da Bósnia, em Agosto, encontrou-se com representantes da Presidência Interétnica e reflectiram juntos modos de ajuda a esses mesmos concentrados em lugares do país.

 

Aprestava-se a partir da Hungria e continuar a rodagem em Saraievo, quando viu cancelado o visto – as autoridades da Bósnia, as mesmas que a ouviram em Agosto, entusiasta, falar do projecto cinematográfico, cederam agora à pressão dum grupo de mulheres vítimas da guerra. Classificam-no ofensivo às dores passadas. Esquecem o crescendo da desconfiança étnica na Bósnia que o filme poderia suavizar.

 

Gabriel Garcia Marquez no “Amor em Tempo de Cólera”, Emir Kusturica em “La Vie Est Un Miracle”, Júlio Magalhães no “Um Amor em Tempos de Guerra” e muitos outros a semelhante aventuraram-se. Será este o verdadeiro tempo de guerra e cólera?

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 11:49
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6 comentários:
De perseu a 19 de Outubro de 2010
Só quem passa por dramas e traumas de guerra pode avaliar o que é o ódio étnico.

Serão talvez necessárias gerações para se dissiparem esses ódios e lembranças.

Creio que naquela zona ainda não foi atingido o estadio de 'Perdoar sim,esquecer nunca',não obstante toda a boa vontade manifesta.
De António a 19 de Outubro de 2010
às vezes a arte é mais do que estética, então sujeita-se às agruras, vitórias e demais vicissitudes da vida real

isto não é fácil...

;_)))
De -pirata-vermelho- a 19 de Outubro de 2010
O crescendo da desconfiança étnica é quase sempre um fabricando com fim desenhado antes.

Deixe-se de aventuras escritas com coisas que ofendem integridades. Ainda se fosse profissional...
ou escreve por conta de 'outrens' intenções?
De Acúçar C. a 20 de Outubro de 2010
«Certamente o ódio pode surgir de sentimentos positivos, como o amor romântico ─ na figura de um ex-parceiro ou rival em potencial. O amor, porém, parece desativar áreas tradicionalmente associadas com o julgamento, enquanto que o ódio ativa áreas do córtex frontal que podem estar relacionadas com a avaliação de outra pessoa e previsão de seu comportamento.

Algumas associações com o amor, entretanto, são surpreendentes, observam os autores do estudo publicado em outubro de 2008 na PLoS ONE. As áreas do putâmen e ínsula ativadas pelo ódio são as mesmas das do amor romântico. “Essa ligação pode explicar porque amor e ódio estão tão intimamente relacionados nas pessoas.”»

http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/amor_e_odio_nascem_no_mesmo_lugar_dizem_cientistas.html

Um único minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade.
Gabriel García Marquez

Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
GGM

É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver.
Gab Gar Mar
De perseu a 20 de Outubro de 2010
Bravo ACÚÇAR,mais uma vez o descernimento, e a justeza do seu comentário estão sintonizados co a crónica da Teresa.
Coisa rara e pouco frequente em outros comentários(?).
De Acúçar C. a 20 de Outubro de 2010
Só quis contribuir com reflexões esclarecedoras, o que nem sempre se consegue ;-)

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