Terry Rodgers
Começou tarde e em hora ruim. Numa aposta estúpida envolvendo a saúde de outrem, ela, que nem o cheiro suportava, experimentou fumar. Corriam, recém-inaugurados, os trinta anos. Até ali, passara ilesa à tentação do cigarro mesmo quando dois terços da Academia sugavam nicotina e outras ervas e coisas químicas como quem chucha no biberão.
Tempos foram passados, e, tarde de Junho cálida desbaratada seleccionando papéis, após dois ou três pregos queimados de enfiada, mandou fora o isqueiro e os ditos. Eram decorridas duas semanas, e o apuro do cheiro perdido regressou – deu por ele caminhando num passeio à beira de estrada caótica pelo trânsito. Entre as fumaças ejectadas, sentiu aroma de alfazema. Dum lado o fedor alcatroado, do outro, muro protector de obra em construção. Contornou-a. Entre pedras sobrepostas, hastes de alfazema piscaram-lhe as pétalas dizendo: _ foste atenta e o prémio já o tens.
Três anos limpos. Quebrados por mão amiga que numa festança de truz em Alentejo cerca insistiu numa cigarilha. Experimentou e desgostou. Não repetiu. Mês depois - espectáculo picante. Oferta repetida. Aceitou, aspirou, engoliu o prazer até ao fim. E foram dois anos de «minis» entre dedos e cigarros nem vê-los. Cansou as cigarilhas – aliás cansa-a e destrói-lhe o ego fumar pela liberdade diminuída quando em voo, reunião ou espectáculo ou maço vazio ou pela indesculpável «carneirice» da mão escondida quando fotografada. Mês e meio marcado na agenda, sucumbiu à nicotina «encigarrada».
Vão mais seis meses. Ontem, foi a renúncia. O primeiro dia correu entusiasta. Lembranças da coisa malvada num instante este ou aquele. Suspiro vão ordenado pelo querer.
15 PREGOS AFOGADOS
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros