Nathalie Picoulet, Mauro Cano
Por razões profissionais e voluntárias, veio recambiada para Lisboa. Aluguer de casa, mudança dos púcaros e tarecos, novo ambiente de trabalho. Cidade por dominar nos atalhos e desvios e nos caminhos d’alcatrão que dum lugar levam a outro. Treina percursos, acabada jornada de trabalho. Filha pequena a 300km de distância por ter iniciado actividades lectivas ainda a mãe não mudara do ninho quente que às duas comprazia. Uma vez por mês, está com a sua menina na cidade donde veio, custos descontados no parco vencimento de licenciada com pós-graduações no cume das ondas científicas; na outra é o pai, ex-marido, que lha traz. A renda paga ao senhorio pela casa digna que de Janeiro em diante, acabado o primeiro período escolar, alojará mãe e filha. Do pré, leva a maior fatia. Descompensada afectivamente pela ausência da criança prolongamento do útero e amor maior. Ouve-a ao telefone. Umas vezes chora, raramente espraia no rosto sorriso - apavora-a perder o cordão que unia ambas.
Procura escola para a filha. Sobreviver capital na capital. Compatibilizar horário de trabalho com o cuidado de estar na escola a tempo e horas para a menina não sentir esperas de falso abandono. Mulher só na moura urbe. Sem rede de apoio familiar. E quando vierem febres infantis? Faltar pode, mas não deve sob pena de danos profissionais que à pequena família acrescente reveses. Quotidiano difícil para mães e pais isolados com filhos a cargo. Famílias monoparentais, classificação useira. Nelas, o império do ‘tem que ser’ substitui escolhas. Valem, como âncora, afectos - «novam» e renovam o brilho dos dias.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros