Anthony Christian
Acordei tresmalhada – mulher que sonha com Newton mais a macieira da lenda gravítica a poucos minutos de abrir para o dia as pestanas não pode estar sã. Algum bicho incubou larva em ninho cerebral identificado, conquanto ignoto o lugar da procriação. A macieira, juro porque ‘vi’, era árvore pequena num bosque de outras centenárias. Encontrá-la foi demanda longa, maior que a do Santo Graal.
Carvalhos de seiscentos anos, faias de trezentos, teixo de mil, castanheiro que dum milénio passou. Senhor ilustre que de lado nenhum conheço, Brian Muelaner, disse: _ “Ficar perto de uma árvore antiga, que viveu séculos de história, pode ser uma experiência de humildade.” É verdade – sem dispensa da ordem precária, passam no largo, incomparavelmente mais avantajado que o meu. Idear a morte não me aflige, mas testemunhar vidas milenares deixa-me mais pequena que no momento do arribar da consciência lógica. Se árvores velhas morrem majestosas, hirtas e enramadas nas copas cheias, o ser humano minga com o deslizar do tempo enguia, fugidio como ela ou peixe.
Newton, o génio que no campo buscou refúgio da cidade malsã, surge como símbolo de quem esbraceja contra a penúria vivida e a pior anunciada. Outra interpretação do sonho espreita: vontade de encontrar a raiz do talento que de poucos faz maiores no caldo anónimo. Não é delírio este sinal de utopia falhada? Mal digerida? Ou ambição de o próprio resistir à dúvida de chegar a horizontes longe? Nem com par de doses de cafeína curta e quente encontrei resposta. Nem esperava. O mistério dos sonhos é substrato para interrogações e procuras e crescer.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros