Acordei tresmalhada – mulher que sonha com Newton mais a macieira da lenda gravítica a poucos minutos de abrir para o dia as pestanas não pode estar sã. Algum bicho incubou larva em ninho cerebral identificado, conquanto ignoto o lugar da procriação. A macieira, juro porque ‘vi’, era árvore pequena num bosque de outras centenárias. Encontrá-la foi demanda longa, maior que a do Santo Graal.
Carvalhos de seiscentos anos, faias de trezentos, teixo de mil, castanheiro que dum milénio passou. Senhor ilustre que de lado nenhum conheço, Brian Muelaner, disse: _ “Ficar perto de uma árvore antiga, que viveu séculos de história, pode ser uma experiência de humildade.” É verdade – sem dispensa da ordem precária, passam no largo, incomparavelmente mais avantajado que o meu. Idear a morte não me aflige, mas testemunhar vidas milenares deixa-me mais pequena que no momento do arribar da consciência lógica. Se árvores velhas morrem majestosas, hirtas e enramadas nas copas cheias, o ser humano minga com o deslizar do tempo enguia, fugidio como ela ou peixe.
Newton, o génio que no campo buscou refúgio da cidade malsã, surge como símbolo de quem esbraceja contra a penúria vivida e a pior anunciada. Outra interpretação do sonho espreita: vontade de encontrar a raiz do talento que de poucos faz maiores no caldo anónimo. Não é delírio este sinal de utopia falhada? Mal digerida? Ou ambição de o próprio resistir à dúvida de chegar a horizontes longe? Nem com par de doses de cafeína curta e quente encontrei resposta. Nem esperava. O mistério dos sonhos é substrato para interrogações e procuras e crescer.
Originado como onirizado e satirizado: sonho, aipotu, grandeza, imortalidade.
Companheiros de viagem: Seres (ou não seres?) élficos e personagens mitológicos descrevendo a magia e a realidade em uma só dimensão. Hipólita, a rainha das amazonas. Egeu, um pai aflito, busca a minha orientação. Sua filha Hérmia irá casar-se com Demétrio. Lisandro, o outro hermiado, foge com ela. As penas da lei não os alcançarão. Marcam de se encontrarem em um bosque nos arredores de Atenas à noite. Helena por Demétrio tem paixão e fidelidade. Titânia é a rainha das fadas e habita o bosque. Oberon é o rei dos elfos e esposo de Titânia. Puck, um elfo, traz a flor do amor perfeito, pois ele quer pingar o sumo dessa flor em Titânia que dorme para que ela, ao acordar, se apaixone pelo primeiro ser que vir. Um artesão é transformado em monstro, com a cabeça de um asno e vira paixão de Titânia que acorda. Os casais , cansados, deitam-se. Hipólita e Egeu (e eu) no bosque em busca dos casais.
Eu decido que as núpcias dos casais seráo no mesmo dia em que me casarei com Hipólita. Oberon e Titânia vão até o meu palácio para abençoar o lugar em que os noivos irão morar. E Puck, que foi o que mais se divertiu com as confusões que ele provocou, diz que tudo aquilo não passou de um sonho de uma noite de verão.
ainda não li tudo (cá voltarei, espero) mas a apresentação parece boa ideia, não pelo "quem", irrelevante por definição no caso de anonimato, mas pela anunciação de um propósito ou, eventualmente, de um livro de estilo ou espécie que o valha...