Mulher como eu atende palavras que outra alma feminina dita. Crê ser possível sorrires pela solidariedade em teu redor, terminar a violência que te vitima seja pelo companheiro, pelos filhos. Denuncia. Conta à vizinha ou à amiga/conhecida encontrada no mercado de bairro ou na leitaria, uma das tuas exíguas fugas, no Centro de Saúde onde, penosamente, te deslocas. Diz de ti. Do modo como o desemprego, as carências sociais se abateram sobre a tua vida e a família. Retrata a violência que da exclusão resulta, tua e dos que ainda assim amas sem remédio, apesar do desrespeito sentido todos os dias.
Jim Warren
Antes, eras a mulher querida, mãe melhor de todas como letras infantis escreveram nos postais que com beijos te foram oferecidos no Dia da Mãe, no Natal, no teu aniversário. Anos passados, chegaram rugas e vulnerabilidade física. Não encontras vestígios de amor e cuidados no teu marido, nas crianças hoje adultas que te agridem? Acto contra-natura, sei e sabes. Por ele choras, por todos que amas silencias a vergonha, por protecção imerecida daqueles que trouxeste à luz do dia, pelas desculpas que espontaneamente vertem do teu coração. Falsas – nada justifica seres explorada, chantageada, pontapeada no corpo e na auto-estima. Ainda que te custe romper a fidelidade que a família consubstancia, fala. Age. Foge sendo remédio único. Organizações solidárias esperam-te. Virá, devagar, a paz. Sentir-te-ás protegida. Mas conta mulher! Contacta a APAV. Informa-te. Liga. Acaba com o martírio.
nos meandros da lida e da vida, algum algoritmo se afinca e assim fica a maldição, a perdurar duramente sobre tantas mulheres, presas ao silêncio, a si próprias e a um anátema difícil de vencer, cá onde reina o grilhão do "entre marido e mulher..."!!
até quando? a denúncia e o acolhimento são paliativo indispensável, chave é mais educação!!!
Sempre m'irritaram os merdas que batem nas mulheres - costumo dizer 'mas porqu'é qu'ele não me vem bater, a mim...?' e fico a sonhar com o enxerto de porrada que lhe dava. É uma frustração! Nunca tive sorte, neste aspecto...
Se conhecer algum... que bata na mulher que lhe faz as sopas e lh'atura as insuficiências, diga.
Invoca três mulheres: a autora, a estatuada, a desgraçadinha. Todas virtuais. A real, a que cumpre e glorifica o seu papel na Humanidade, não é para aqui chamada.
Talvez os cortes no dito 'pré' que acabam de ser '(a)provados' nos levem a invocar não apenas as três mulheres minoritárias desta estória, mas todos os humanos que podem sempre ter toda a solidariedade necessária para atenuar os desiquilíbrios que a abastança anterior provocou.
Sociedade desconchavada? Semear para colher. Podemos recorrer à APAV. Como aos BV. Mas esquecemos a prevenção?
Crónica muito válida para o que acontece,em crecendo,na sociedade portuguesa. Apenas vemos a ponta do véu.
Quantos invertebrados,ditos homens,não agridem fisica e psicologicamente mulheres? Quantos deles,de TODAS AS CLASSES,não tentam,tantas vezes pela força,o uso da Mulher como satisfação sexual?
Gostaria de conhecer pessoalmente um ilustre senhor muito conceituado no meio académico que um dia tentou violar uma mulher.
Garanto,à fé de quem sou, que lhe proporcionaria uma estadia num dos nossos hospitais,a ele ou a qual qualquer outro FDP.
Uma boa tareia acalma muito os calores dos "machôes".
Não parece que o tema exclusão rime com retrato de colecção outonal, na moura pólis, pois ele é ultra-sasonal transversal e não acompanha o calendário da mudança de vestuário. Teria que procurar toda uma colecção de estátuas nuas (mal vestidas) por esse país-mundo fora e que evidenciassem o desconforto, o desespero, o sofrimento, a injustiça da má distribuição de recursos e de oportunidades.
«Sociedade Um em cada quatro idosos portugueses já foi vítima de discriminação
Um em cada quatro portugueses com mais de 65 anos diz já ter sido vítima de discriminação com base na idade, segundo o Inquérito Social Europeu divulgado. Este estudo, feito em cerca de 30 estados, mostra que nos países mais ricos são os jovens quem mais se queixa de discriminação devido à idade. Os dados europeus indicam que metade dos jovens entre os 14 e os 25 anos assume discriminação baseada na idade, enquanto nos idosos essa percentagem é de 32 por cento. Contudo, em Portugal é o inverso. Apenas 15 por cento das pessoas com menos de 30 anos se queixam de já terem sido discriminadas, percentagem que sobe para os 25 por cento nos idosos. "Portugal tem uma característica diferente da dos outros países: os jovens não se queixam, ao contrário dos mais velhos", explicou à agência Lusa Luísa Lima, investig adora do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Quatro em cada 10 mulheres com mais de 60 anos sofreram algum tipo de abuso no último ano
Quatro em cada dez mulheres portuguesas com mais de 60 anos dizem ter sido vítimas de algum tipo de abuso nos últimos 12 meses por alguém que lhes é próximo, concluiu um estudo divulgado pela Universidade do Minho. Na quinta-feira assinala-se o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, instituído desde 1999. Aproveitando a data, a Escola de Psicologia da Universidade do Minho (UM) divulgou um estudo sobre os abusos a mulheres idosas que se insere no projecto europeu AVOW - Violence and Abuse Against Older Women.»
Tão pertinente esta crónica. Lembrei-me logo de um episódio que se passou comigo hoje. Estava na fila do multibanco, à hora do almoço. Tinha compromissos, tinha pressa. À minha frente, na fila, uma senhora entre os 75 e os 80 anos, talvez mais. Várias contas, papéis, talões nas mãos. Os olhos e os gestos não lhe permitiam a agilidade de movimentos conforme a este tempo, impaciente, rápido e quase autista. Eu, confesso, pensei "mas por que motivo esta senhora vem a esta hora? Que falta de solidariedade por quem tem que cumprir horários." Felizmente, a lucidez voltou a tocar-me pouco depois, entendi que para estar ali, naquele momento, a senhora poderia ter que organizar-se e organizar as suas rotinas de formas bem complexas e que, eu, sim, eu, estava a ser pouco solidária no meu infantil raciocínio. Fui preconceituosa. Fui parva - felizmente foi "só" em pensamentos, não acções.
Mas esta é a minha mentalidade. Perante um abalo, a minha impaciência disparou e toma conta de mim, por alguns momentos.
A vulnerabilidade dos idosos/ as é das questões mais complexas desta vida. E agora há cada vez mais idosos. E nós revemo-nos nesses eventuais "fantasmas dos nossos natais futuros" e estremecemos, e apercebemo-nos de que um dia estaremos assim à mercê da generosidade dos outros. Que terão poder sobre nós, já que nós na nossa imensa fragilidade, teremos de ser cuidados, já que autónomos não seremos.
Também já vi nos olhares de mulheres bem mais novas, algumas mesmo muito novas, o medo. De quem tem poder sobre elas. Geralmente homens - o marido/ namorado ou o patrão/ chefe, quase sempre. Poder conferido pela força física ou pela posição económica. Ou por ambas.
Falta caminhar tanto, mas tanto. Este post demosntra-o exemplarmente.