Carlos Botelho, Estrela Faria, ambos em acervo no Museu de Arte Popular
‘Começo pelas boas ou pelas más notícias?’ é pergunta comum com resposta dependente do lado afoito do inquirido. Os optimistas soem escolher as ‘más’ por inferirem o melhor do após. Pessimistas optam pelas boas novas ao dar-lhes tempo para se reverem nas infelicidades sistematicamente previstas. Conclusão íntima: _ Bem sabia e irá a pior.
Por este meio, quem decide é quem escreve e a ‘má’ ganha dianteira: acórdão do Tribunal Da Relação concluiu que duas estaladas na ex-mulher não constituem violência doméstica. Ficam inquietações:
- mais que duas já são puníveis?
- o cerne da decisão situa-se na condição de «ex-esposo»?
- se a mulher retaliar com idêntico par de estaladas a conclusão soberana é idêntica?
‘Boa’ segunda: reabre o Museu de Arte Popular. No comboio dos 62 anos da história conturbada, paragem no abandono, outra nos destinos múltiplos do espaço, mais uma, a última, na recuperação sendo objectivo o primeiro. Desde hoje, patente a exposição "Os Construtores do MAP - Um Museu em Construção". As lojas anexas prometem qualidade e para quem, acabada visita a um espaço museológico, se perde nos objectos com design original, em Portugal ou lá fora, a classificação de ‘notícia boa’, passa a belíssima.
embora desconheça o Acórdão referido (fica a curiosidade...) parece compreender-se a decisão: pelo exposto, o caso é de violência ex-doméstica;
na realidade, a protecção penal contra a violência doméstica (e não apenas contra a ofensa à integridade física do cônjuge) existe em Portugal desde 1982, intrometida que foi in extremis na reforma da legislação criminal então em curso
e tem merecido alterações mas exige o ambiente doméstico, situação particularmente merecedora de tutela especial porquanto as relações que se estabelecem intra-muros, por assim dizer, são dificilmente fiscalizáveis e tendem a encobrir-se e perpetuar-se, no recôndito do lar que nem sempre é tão acolhedor como se quer fazer crer, muitas vezes sob ameaças mais ou menos dissimuladas mas (omni)presentes e gerando ascendentes ilegítimos à maneira medieval entre pessoas que afinal são iguais em dignidade e direitos
sem esse âmbito doméstico, uma agressão física entre ex-cônjuges é ou pode ser julgada crime contra a integridade pessoal, conduta criminosa já tutelada nas leis penais há longa data
boas:
euroskills? contente, mas passo, entretido que estava a percorrer os links indicados na notícia do Público on line (http://www.publico.pt/Tecnologia/sensewall-universidade-de-coimbra-apresenta-parede-interactiva-multitoque_1470699) sobre trabalho e frutos da investigação da Universidade de Coimbra
e boas:
arte popular é mesmo boa notícia, sobretudo para quem namorou (n)o Museu antes e depois do encerramento - é que a magia permanece no lugar e ...
António – não resisti e segui a ligação. Fascinante! As nanotecnologias por aqui mencionadas e que em Famalicão já dão frutos – toalhas anti-nódoas, peúgas que contabilizam calorias e et cetera e tal – fascinam-me. Neste particular, abençoada Universidade de Aveiro que do baralho faz surgir cartas jamais vistas!
(antes de ler) Giras primeiro, para olhar. As boas, é depois e todas têm que falar. Às primeiras, às vezes, por condescendência, aguenta-se um certo palrar, por pouco tempo... a almoçar mas! olhe que 'boa' não é o que parece e não é só para o qu'apetece.
mas também c'aquelas ilustrações, logo abaixo do tíntulo o qu'é que queria?
Duas estaladas levava mazera o juíz ! En tout cas, lembra-se? 'entre marido e mulher não metas a colher'. Não é dogma mas tem que ser tido em conta, é 'jurisprundência'.
Pirata-Vermelho - desiludi-o com o texto, mas, please, diga lá se concorda que o Carlos Botelho e a Estrela Faria, pintores dos meus amores, foram e são mestres para quem com eles quiser aprender.
Quanta tendência na má! Nem distingue quantidade/qualidade :-( E ainda tem dúvidas? Então... ainda pior :-((
Atenção que o homem foi condenado:
Na primeira instância, o homem, engenheiro electrónico, foi condenado pelo crime de ofensa à integridade simples, na pena de 140 dias de multa, à razão diária de 7 euros, e ainda no pagamento à ex-mulher, professora na Universidade de Aveiro, da quantia de 500 euros a título de danos não-patrimoniais. O Ministério Público (MP) recorreu, pedindo a condenação pelo crime de violência doméstica, que é punível com uma pena entre um e cinco anos de prisão, subindo o limite mínimo para dois anos se os factos se registarem no domicílio da vítima. No entanto, a Relação, em acórdão a que a agência Lusa teve ontem acesso, indeferiu o recurso.
Na legenda da segunda boa, para fazer companhia ao atávico da primeira, o acervo parece uma fatalidade despropositada:
Corrector - terá a fineza de me explicar o que tem a informação sobre a palavra 'acervo' que conheço e utilizo no quotidiano devido a outras andanças que percorro tem a ver com o texto e a sua oportuna e esclarecedora primeira parte do seu comentário?
Cada qual conhece (?) melhor ou pior o que lhe convém/agrada.
É conhecido o hábito de usar (menos bem?) acervo em certos contextos. No caso, não me parece bem.
Tente substituir por outra/s palavra/s e ficaremos mais enriquecidos (fugindo do atávico e ocioso hábito de encarecer as letras). Um termo caro não é necessariamente um caro termo.