Domingo, 19 de Dezembro de 2010

VA(VA)DIANDO

Colecção "Inverno, Lisboa, 2010"

 

Em azul néon as letras – duplo «V», duplo «Á» - são estrelas que orientam caminhos na encruzilhada da noite. Nunca é mais um o encontro que o dentro das letras chama e abriga. Meio ano sem ele criou saudade das pessoas, das falas também elas cruzadas, jamais ociosas, sempre alegres, risonhas, sérias chegado o momento de seriedade no tratado. Apetitosas, portanto. 

 

 

A Estados Unidos interrompe a de Roma para depois ambas prosseguirem rotas. No lugar da cruz pouco se distinguem e mais parece uma continuar a outra. A Lisboa que se rende ao breu, porque mal iluminada, tem ali oásis ténue.

 

  

Antes da entrada no Vá-Vá, chuva grossa cai e rebrilha o alcatrão, reflecte luzes nas cadeiras vagas pela invernia. E há verde modesto pelo tamanho naquele lugar na cidade, vivaço pela humidade que o céu avia. Plantado na calçada portuguesa onde o basalto é fronteira e desenho.

 

 

Aberta a porta, cerâmica da Menez é presença que delimita e forra o espaço. Na sala privada, emoldurados folhetos doutros Vavadiando, convidados/protagonistas em destaque. E são lembradas tertúlias passadas que intervalaram gentes do palco, do cinema, da política, da escrita, da sociedade atenta à cultura.

 

 

Na parede oposta, fotografias das personalidades que dali fizeram lugar de convívio revestem-na. Memórias de muitos que partiram, alguns que o mundo todo conheceu, a medalha da AHRESP lembra a comenda, há pouco, atribuída pela Presidência da República. Justa pelo papel interventivo na sociedade e na cultura do Vá-Vá que o Lauro António, a Eduarda têm mantido vivo e lustrado.

 

 

Murais da Menez, obras da Manuela Pinheiro e doutros constroem galeria nobre e insuspeita para quem dos autores não identifica cores e traços.

 

 

À despedida, impossível não desafiar o querido amigo e anfitrião para um engravatado adeus e votos de Festas boas. Já na série de televisão deste amante e conhecedor de cinema, se era da Marilyn o filme, a gravata representava-a. Idêntica opção para estrelas outras. O humor do Lauro António é subtil, mas poderoso. Na rua, as cadeiras empilhadas significam o final da jornada. Pobres enfeites continuam à chuva ignorando o calor ali tão perto e acabado.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Cortesia do Amigo Justo

  

publicado por Maria Brojo às 12:31
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6 comentários:
De perseu a 19 de Dezembro de 2010
O ultimo lugar de Lisboa onde é possivel manter algo que está em vias de extinção,um, espaço em que a sauvel tertulia desprentiosa de ideias e partilha do conhecimento,sem atavismos nem vaidades.
Obrigado Lauro
De Maria Brojo a 21 de Dezembro de 2010
Perseu - tal qual, nem mais!
De -pirata-vermelho- a 19 de Dezembro de 2010
Minha senhora,
o VáVá morreu há anos, por favor deixe-se de lamúrias de plastique.
De Maria Brojo a 21 de Dezembro de 2010
Pirata-Vermelho - poderá ter-se finado o Vá-Vá que conheceu, mas o meu existe e do estar na cultura dá boas provas. Décalage, n'est-ce pas?
De EJSantos a 20 de Dezembro de 2010
Completamente off topic, peço desculpa.
Mas:
http://www.youtube.com/watch?v=4HnKvr7LLvA

Lindo, lindo. Há quanto tempo não a ouvia.
De Maria Brojo a 21 de Dezembro de 2010
EJSantos - também eu! Belíssima lembrança sua e nossa.

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