Quando escolas abrem para almoços em tempo de férias, tendo em conta a tradição do «fechou, encadeou» nas clássicas interrupções lectivas, é notícia social e parcialmente má. Poderia representar salto positivo nos serviços dos estabelecimentos de ensino se mantivessem actividades pedagógicas e, à conta delas, fosse a refeição intervalo para repor energias. Caso este, seria jubilosa a reacção. Dos pais, em especial, que poderiam trabalhar em descanso – produtividade é dever e necessidade - sabendo as crianças inseridas em actividades lúdicas convenientemente orientadas.
Pelo entendido, é almoço e ‘pronto!' Confirma negrume: as crianças passam mal em casa, a alimentação familiar tem carências, uma refeição quente, de substância, diária, ao custo de euro e trocos permite «janta» aliviada e subtrai despesa aos magros dinheiros do sustento. Para mim tenho que talvez este castigo económico português seja ocasião de mudanças, largue sementes boas no solo, enraizadas depois.
Natal esquálido em haveres pode ser substituído, com vantagem, por Natal de afectos. Quando estes falham ou são dados como perdidos por lutos ou rejeições, a escrita memorial serve de lenitivo para quem, desiludido, afirma desejo de riscar Dezembro do calendário. “O que nunca esqueci de ti” endereçado a amores familiares ou outros é modo de recuperar alegria e dela constituir oferta para a de alguém aumentar. Memória na escrita exorciza fantasmas, medos, diálogos penosos com o umbigo que nem é centro de nada, salvo do egoísmo, quantas vezes mascarado de mergulho sazonal em estado depressivo.
Desgraçadamente os 'tugas'estão impávidos serenos diante deste drama nacional e eurolpeu.
Aqui no doce Portugal,como é hábito,esperamos um miraculado.
A intelectualidade escrevente,e a outra,aconchegam-se no sofá.
Que saudade dos intelectuais do tempo do "manholas",eram presos,defediam suas ideis e seus ideais.Tinham-nos negros e em su sitio. Foram os grandes obreiros das mudanças,sabiam educar o povo.
Que temos hoje? Uns sugeitos medrosos sem razão para o serem,já não existe a pide. Sabem o que era a pide? Oxalá esta crónica da Teresa espicace quem escreve. Senhores sejam um farol para um povo friste e doente.
Se nada mudasse... alguém escreveria contra isso: uma pasmaceira, um atraso só visto nesta terra de patetas, uma vilanagem farta, uma gamela para os mesmos do costume, uma fatalidade lusitana.
Será necessário avaliar as alternativas? Ou chega relembrar a estória do velho, do rapaz e do ... ou do ter cão e não ter... ou da casa onde não há pão ... ?
Já não ligo a TV desde que regressei de férias, em finais de Julho. Ganhei e/ou perdi? O quê?
Os portugueses sabem quem lhes deu o 14º mês? Como sabem quem se preocupa com a pobreza e a fome e a injustiça do RSI e quem não tem nada a ver com o BPN?
Sempre fomos arrastados por forças adversas (ventos, marés, bárbaros, castelhanos, ... ) e isso tornou-nos vítimas/heróis? E acabamos aderindo tardiamente às forças do mal, ao progresso, à modernidade? Chegou finalmente a semana inglesa e a francesa e as férias e a reforma/aposentação e a democracia.
Se desta feita fôssemos agora capazes de aplicar a fundo a nossa ingenuidade... poderíamos voltar ao antigamente, não há trabalho (nem emprego) para todos, as mães podem ficar em casa e tudo ficará como dantes. Cumpra-se a sentença "Mudar tudo... para que tudo fique na mesma!"
Portugal não vive. Os portugueses (pessoas que habitam no território Portugal confinado) vivem (uns quantos) e sobrevivem (muitos outros).
Os portugueses habitam em freguesias, com ruas, com escolas, com igrejas, com cafés, com campos, com estabelecimentos comerciais e industriais e de serviços. Dependem muito de ajudas e subsídios. Quase não participam nas decisões das suas autarquias. São muito regulares nos jogos da Santa Casa. São muito dominados por modas e aparências e deixaram de ter a devida autoridade sobre os filhos.
O que gostaríamos que mais lhes (nos) pudesse acontecer? Pode-se recusar (à vontade) tudo e mais alguma coisa. Mas recusar não muda (nem custa) nada: o que custa (e conta) é fazer! É avançar. É investir. É arriscar. É semear... para poder colher. O Carvalho que o diga. Mas não faz: só recusa :-(
Sacudir medos? Poeticamente. Alegremente. Medos de quê? Até têm (temos) fama de destemidos! Ainda há touradas, conduz-se com álcool, rejeitam-se as normas de segurança. Viremos o disco :-(
90% de acordo,finalmente,e não é por ser Natal,mas por convergencia de opinião.
Sacudir medos não significa inconscia ou falta de civismo,p. expºconduzir bebado,provocar autenticas touradas no degradante e miserável espetáculo que é o futebol. Veja-se o absurdo;tres jornais de futebol pubicam-se diáriamente,no entanto em Portugal não existem vesperninos. Porque serà?
Olá Teresa: Esta quadra natalícia tem cambiantes bonitos, mas por outro lado, aparecem faces "negras", que indignam o mais calmo dos Cidadãos! Falta de tempo para os nossos afectos é uma realidade! A estrutura da familia, mudou irreversívelmente! Os "miúdos" ficarem em casa "abandonados" durante as férias escolares é já um facto assumido! Os Pais não têm muitas hipóteses a não ser soliciatarem os préstimos dos Avós, ou outros familiares cuja disponibilidade esteja mais á mão! E ressalta sempre o lado materialista da "season"! É comprar meus senhores e oferecer por hábito, que não por gôsto! As meias que ninguém quer, ofertas fora do contexto só para cumprir um ritual!! Enfim nesta época estou sempre desejoso, que o ano novo chegue porque depois a Vida parece mais aliciante! De qualquer modo desejo á minha Amiga Teresa a fruição destes dias como o queiras! Pelo menos serena contigo própria e com a tua acertiva(s) prosa(s) neste espaço! E viver todos os dias esta dádiva que é estar vivo e presente! Jorge madureira
Jorge - muito obrigada Amigo - o tal 'cimbalino' conntinua adiado - pelas tuas relexões que aqui partilhas e das quais tenho sempre saudades. Natal bom, muito bom para ti e para aqueles que trazes no coração.