Os dióspiros maduros pendurados nos ramos esquálidos e as laranjas em ninho de folhagem verde-negro foram depois. A jornada começara antes, num sábado bem-nascido cheio de novo e do visto. Havia céu grávido de chuva que, timidamente, a suspendia na forma de morrinha até a tarde soltar as águas. Parto tempestuoso viria então.
Na aldeia perdida e a cada retorno achada, a ‘escola do regime’ mantém dignidade encanecida que nem a madeira lascada nem o branco pintalgado de humidade musgosa retira. As telhas e a tijoleira da base denunciam litoral abundante em argila e barro dela feito. Pela largura imponente dos troncos dos plátanos é contada a idade – a mesma da escola, hoje vazia de risos e brincadeiras infantis, de cadernos de duas linhas, de dedos sujos de tinta ou lápis, de sacolas de pano ou couro segundo os haveres paternos, de carcaças com manteiga ou marmelada comidas entre e com joelhos esmurrados no pátio durando os intervalos. Frialdades que gerações de crianças suportaram a par das tabuadas e reguadas sem traumas que deslustrassem o aprender. Visão romântica do hoje, porque ao tempo da escola viva a leitura dos factos era outra.
O restaurante conhecido em frente do largo satisfaz pela excelência do pitéu que lhe dá fama. Sítio de aromas e sabores. O vinho da casa compõe refeição feliz. Avançar para sobremesa é excesso - basta um café e passeio à volta do lugar. Dos ‘brasileiros’, heranças construídas em paredes e arrebiques, sã azulejaria no azul e branco tradicional, torreões miniaturas; por detrás, acrescentos de falsa modernidade. À frente, adobe arruinado que foi muro, habitação ou, tão somente, cortelho para os animais.
Pela humidade muita, erva cresce desordenada sem constituir pasto aproveitado. A rede de arame cruzado cruza o fora e o dentro. O público e o privado. A fantasia dos gatos em porcelana termina beirais. Em vez de cata-vento cimeiro, monstro alado. Ícones/códigos ditados pelo dono original.
Na volta, freixos despidos que o Outono e a invernia acobrearam. Campos verdes, prenhes de água, escondem vida hibernada no subsolo. Para Fevereiro ou Março primaveril o desabrochar. Até lá, deslizam vidas nas casas humildes. Talvez hoje saídas do casulo aconchegado para votar. Talvez a 'escola do regime' reabra como assembleia de voto. Talvez.
É engraçado como preservamos na memória certos cheiros antigos que hoje já não nos passam pelo nariz. Este seu post, cara Teresa, fez-me lembrar a mistura de cheiros que me ficaram gravados quando dos intervalos da 2ª classe: pão fresco+manteiga+guardanapo de linho+lápis+mala de cartão. Obrigado pela lembrança!
(qconversata é esta? qual ajuda...!? aquilo é abaixo de cão. Só não se percebe se é seguidismo cego ou respeitinho p'o que 'tá a dar' - a brasileirada na fala e a guincharia no ruído musicado)
Pirata-Vermelho - e eu que gosto da 'guincharia no ruído musicado' e considero importante a tradução, ainda que com sotaque na escrita, para quem não entende bem o «englês»!
Acaba de iludir a questão com o pesado ónus de assumida culpa formada - gosta de guincharia e de linguarejar mesmo que não seja in english. O gosto pouco importa; a sua disseminação modifica o ambiente.
Ser de direita é ser diferente. A família Silva está "alegre"... E a família Alegre, está "triste"... A infâmia da esquerda teve o seu castigo. O triste do Alegre , desertor em tempo de guerra e se fosse "apanhado" pelos "camaradas" era fusilado. A sorte desta gentalha é viver há mais de 35 anos à sombra de uma democracia, que disso , só tem o nome. Saudades tenho de um homem, que já partiu, que muito alegre estaria neste momento . Não bateria palmas para não provocar os camaradas. Ser de direita é ser diferente. Parabéns à família Silva! A.A.
Anónimo - parabéns aos portugueses por ter acabado o martírio da campanha presidencial. Ser de direita - de esquerda decorreria o mesmo - é ser diferente? Em quê? Se tiver a fineza de me esclarecer, agradeço.
Não dá! Parece que só uma maioria de 'brancos' Ora, o brancoé aquela modalidade que permite que alguem ponha cruzes onde não estava nada e pelo andar da carruagem lá chegaremos... porém abst + branc + nul = 60% aprox o que deixa representada uma minoria absoluta no mais votado ie 51% de 40% dos inscritos
(este discurso não tem qualquer alcance ou valor - é só para distrair aqui o zé povinho)
Sabe Teresa,no meu entendimento,os fruto não colhidos no Verão fazem-me lembrar na impossibilidade de os revitalizar com silicone. Que pena,talvez mantivessem algum sabor...