Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2011

E MAIS UM PAR DE BOTAS NOVAS DOS PAIS

 Ariane Bartosh, Raphael Perez

 

É notícia o abandono crescente dos estudos superiores pelos estudantes. Entres razões apontadas, a nova legislação sobre bolsas de estudo que a muitos não foram atribuídas ou, aos que delas beneficiavam, não têm sido integralmente pagas. Os despedimentos deixaram famílias desabonadas para atenderem às despesas dum curso superior, o desemprego faz escassearem part-times a que universitários menos favorecidos recorram para sobrevivência e propinas. Conferências  Episcopais e Associações de Estudantes denunciam dramas cujo culpado é o Estado. Da existência de muitos, não duvido. Sérios. Que abrangem jovens empenhados e com rendimento escolar aceitável. Que originam solidariedades várias, também de restaurantes ao servirem-lhes gratuitamente uma refeição quente diária - quem não manduca, não reúne condições para trabalho. Fosse a realidade preta e branca, tratado estava o real. Mas não, é policroma - a cada faceta, seu reflexo.

 

 Atentemos no carácter dominante dos jovens portugueses: esperam tudo e mais um par de botas novas dos pais. Passeiam-se no secundário sob exigência mínima se os professores obedecerem às normas para o aconselhado cerrar de olhos que conduza ao sucesso estudantil. Todos possuem telemóveis. Muitos fumam ou cravam; no dia seguinte, invertida a situação. Bebem sumos e comem bolos nos intervalos recorrendo aos cafés próximos, existindo como alternativa dentro das escolas iogurtes, leite e fruta e máquinas que debitam o necessário economizando cêntimos; ‘burguers’ ou pizzas ao almoço dispensam cantinas onde, por custo menor, refeições saudáveis estão ao dispor. Poupar? _ Somente quando pais pelo exemplo se impõem e exíguos os rendimentos familiares. Da vadiagem nocturna e das consolas e da net alguns julgam organizar curriculum sólido. Poucos fazem voluntariado, menos ainda ganham salário em empregos temporários, raridade os que nas férias, pelo suor laboral, amealham futuros.

 

Das escolas privadas ou públicas, dizem excêntricas as que consolidam objectivos no alargar de vistas curtas, promoção de competências que excedam empinar conteúdos e posição cimeira nos rankings consequentes dos exames nacionais. Receita eficaz para gerar universitários acéfalos, dependentes. E se existem entidades bancárias que se propõem financiar estudos superiores com o inevitável retorno, quantos jovens os aproveitam? Trabalhar, trabalhar, trabalhar não alicia mandriões.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

Cortesia de Victor Forte.

 

publicado por Maria Brojo às 07:28
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9 comentários:
De Dobra a 11 de Fevereiro de 2011
Realidades transformadas por uma crise "imprevista". Realidades vividas com o desespero dos que, não preparados para o pior, gritam de revolta porque as botas novas não podem sair da loja.
De Maria Brojo a 13 de Fevereiro de 2011
Dobra - ênfase a parte importante do real, minha querida. Assertiva como sempre. Beijinho amigo.
De perseu a 11 de Fevereiro de 2011

Muito drama ainda estará para ser conhecido.
Muito drama virá suceder.
Isennçao de de analise a quem precisa e honestidade a quem verifica precisa-se com urgencia.
Acabem-se com os partidos e com o parlamento e pode ser que tudo seja normalizado neste país de "opera bufa" .
O Egipto marca o ritmo,o tiro de aviso foi feito.
De doce laranja amarga a 11 de Fevereiro de 2011
Ah, Perseu!

Era bom não era? mas nós nunca mudaremos nada, nunca mudámos...
De perseu a 14 de Fevereiro de 2011

Talvez Doce Laranja,é uma questão de tempo.

A Galiza aqui tão perto.
De Maria Brojo a 13 de Fevereiro de 2011
Perseu - é também o meu pensar que "O Egipto marca o ritmo, o tiro de aviso foi feito."Para já, 5000 tunisinos chegaram a Itália como clandestinos. Ali decretado estado de emergência humanitário. Mais veremos.
De perseu a 11 de Fevereiro de 2011

Uma avalanche começa por ser uma pequena bola de neve,quem sabe se a pequina bola neve não se está formar algures na Europa?
De Veneno C. a 11 de Fevereiro de 2011
Trabalhar, trabalhar ... não alicia? Claro que não :-(

E as córnicas como a de ontem (cohiba, zona nobre) claro que sim?. "Assunto" patriótico e exemplar, que confere uma enorme autoridade a quem ora e desora conforme o bico da cegonha vira com o vento (ou com o sol?).

Adeus à vida
http://www.youtube.com/watch?v=lODoQbZZ2eM
De Maria Brojo a 13 de Fevereiro de 2011
Veneno C. - deixa lá a 'zona nobre', dê por adquirida a minha incoerência se quiser, mas leia esta pérola que acompanha a sua sarcástica sugestão musical:
_ "FOI em1979 que ouvi esta voz em ARCOS de VALDEVEZ ,fiquei imuciunado pela musica e a voz desta senhora FÁTIMA FERREIRA ,DEDICADA há sua MÃE e IRMÃO e PAI pois não só e comovente como emocionamte e outra do grupo os abba que e canção FERNAMDO pois os meus parãbens para esta senhora FÁTIMA FERREIRA e que continue assim obrigado"

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