H. Sorayama
Amanhecer com telefone guinchando é acordar à revelia do biorritmo. Maldita distração que não desligou o suposto! Número revelado a meia dúzia. E a mulher atende convencida de urgência ou mau passar de afetos profundos. Mentira. Acorda indisposta, ela da paz no «abre e fecha olho» até a obrigação e a pressa e a pressão a erguerem. Valeu-lhe o projeto de calcar areia rija pela maré vaza.
Chegada, despido o supérfluo, avançou. 17ºC medidos com os pés em mergulho. Equilibrada pela ausência de anterior «lagartagem» ao sol, ficou por haver arrepio. Transitou com doçura entre o ondular tépido, desfeito no areal, e o frio atlântico. Sem tremores. Riu-se ao lembrar Tântalo pela água afastado ao vir. Mas não recuou. Foi até aos fundões, sentiu o arrasto das correntes, a impetuosidade das ondas ao serviço das luas e do cosmos.
Hora depois, regresso. Entre o “levanta toalha que é tempo e tens mais a fazer’ e entrada na garagem, trinta minutos. ‘Vou ali e volto já’ cumprido. Trabalho em espera. Água fria e creme na pele, antes. Algodão com lantejoulas depois. Nadas/tudo da correnteza que inventa sereia na simples mulher, alegre pelas muitas imperfeições - sem escamas ou nadadeira como pés.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros