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Parece um jarro nascido em lugares húmidos, ajardinados ou selvagens tanto faz. Parece flor e não é. Durante as previstas quatro décadas da vida, surge duas vezes, três no máximo. Majestosa, ao desabrochar do tubérculo, solta coluna afilada que cresce desalmadamente – 16,6 cm por dia. Adulta, atinge 3 metro de altura e pesar 75 quilogramas é possível. Alia beleza e imponência, raridade e exotismo. Senão: exala fedor em vez de aroma - tão feroz que os cientistas observadores carecem de máscara para o suportar. Explicação produzida: armazena energia ao florir raramente, gera o seu próprio calor e atinge os 36º Celsius dos humanos. O mau-cheiro é estratégia: atordoa insetos carnívoros para, em seguida, os devorar. Chamam-lhe Amorphophallus titanum, Titan Arum ou flor-cadáver.
Nem me viria à lembrança a inflorescência se gentes não fizessem o contrário: alindam-se, perfumam-se escondendo intenções nauseabundas. Dos atos hediondos sofrem as vítimas confiantes no bem-parecer. Honesta é a falsa flor – incoerência sem o ser porque avisa, por lutar pela sobrevivência com argúcias irracionais próprias da condição vegetal.
Neste tempo do verde único da primavera, ícones/lendas e santidades, que em paz floresça a Titan, que nas faces desabrochem sorrisos e, longe de todos, hibernem nos gelos polares burlões de povos pela nascença ou aprendizagem posterior, dotados com infeliz (desa)tino. Talvez arrefeçam ímpetos. Talvez não se intrometam na serenidade precisa nestes dias de cólera em tantos lugares do planeta habitado.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros