Segunda-feira, 4 de Maio de 2015

David R. Darrow – “Uncork”
Uma questão de casca e habilidade. Da importância da casca que cobre o encascado, não sobra a dúvida. Há cascas e... cascas. A que protege, a que envolve, a casca polida das gentes, baça ou riscada por má sorte ou indiferença. A primeira abrigou gestação e infância, a segunda é rede que dá alento e segura, a última é a que mais se altera e exibe - atrai, repele ou não deixa registo. Uma casca perfeita requer material genético de primeira qualidade. Favores do tempo e criação. Prosperidade celular. Até, porque não, olhar zeloso. É o caso do encascado sobreiro e da excelente cortiça nacional - sai a casca, fica sem dano a árvore, nove anos pela frente e nova cobertura é gerada. O ciclo repete-se e o Grupo Amorim encarrega-se de a comprar. Riqueza renovável para os proprietários da terra onde assentaram raízes os sobreiros. Frágil pecúlio quando a incúria ou a maldade dos homens pelo fogo aniquila o que a natureza engendra.
Somos bons a fazer rolhas. Melhores do que a aceitar a «lei da rolha» dos partidos ou dos clubes de futebol. Na ronha rivalizamos com a excelência das rolhas que irão preservar vinhos, alguns reais tesouros que a seleccionados palatos irão deliciar. Tudo pacífico, sereno como as terras quentes onde a falada casca é manto de linho ou burel consoante a estação. Veio a química e meteu o bedelho - rolhas de plástico, logo derivadas do eteno e resultantes do cracking do petróleo. Ao contrário da ecológica e renovável cortiça, os plásticos não reciclados degradam-se dificilmente. Não cuidam com carinho do vinho, afirma quem sabe, não o deixam respirar. A minha simpatia está com a cortiça e com a habilidade de quem a trabalha, seja destino o bocal de uma garrafa, bikini, ou proteção do nariz de naves espaciais. A Nasa que o diga... A flecha vai para os grupos Montez Chapalimaud e JP Vinhos que trocaram a legítima portuguesa pela futriquice da imitação.
CAFÉ DA MANHÃ
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De fernando campos a 7 de Outubro de 2006
se é o melhor da sua garrafeira entao terá que ter uma boa rolha e cortiça. mais nada!
De
Tati a 21 de Maio de 2006
Desculpem-me todos, mas a Villa que o António buscou para mim deixou-me em puro pasmo. Até hoje. Tem os dois «ll» como il faut, promete azul sem fim, sussurros italianos quando a noite baixar, som de água corrida na frescura dos jardins. Quero, quero, quero. António, «me dá, vaiii... »
Aos queridos comentadores que me oferecem Villas na forma de sublinhados, agradeço o ânimo e as presenças. Estamos em perfeita sintonia.
Ciao amicci. Bacci
De SeaWitch a 21 de Maio de 2006
Sim à cortiça! Como sou muito conservadora recuso-me a comprar vinho 'plastificado' - isso é bom para os americanos e seus lacaios e toda a carneirada sem coluna vertebral...
Pois, gostei muito. Triste é ver um apreciador de vinhos como eu deixar de parte por opção, até o juízo voltar às cabeças ocas dos que do vinho vivem, vinhos como o Quinta do Côtto e outros de qualidade equivalente, equipados com preservativos em vez de rolhas de cortiça.
De António a 18 de Maio de 2006
... e os jardins da "Villa I Tatti" http://www.itatti.it/gardens_map.html (http://www.itatti.it/gardens_map.html)
De António a 18 de Maio de 2006
TaTti ... para adoçar os "azedumes" ofereço-lhe uma "Villa" em http://www.cultura.toscana.it/architetture/giardini/firenze/villa_tatti.shtml (http://www.cultura.toscana.it/architetture/giardini/firenze/villa_tatti.shtml)
De JG a 18 de Maio de 2006
Excelente evocação a essa riqueza tão nacional que tive de soletrar a Alemães - cortiça. Se os sobreiros estão no Alentejo e a tecnologia em Mozelos e Santa Maria de Lamas, ao vinho do Porto se deve em memórias que se perdem no tempo das naus. As rolhas naturais ou de aglomerado casam com a qualidade dos vinhos que fecham e a resiliência do sector deve-se a essa mesma característica que faz voltar à forma original (cilindrica) a típica rolha tronco-cónica das garrafas de champanhe; como o know how que regressa lentamente a Ponte de Sôr sempre em domínio elástico.
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