Steve Hanks
Viver não custa, acordar sim. Difícil é abandonar a moleza, impor ordem aos músculos e a cada osso ou ossinho. Ordenado o cérebro para o dia pensante e de acção, assumir a vertical. Iniciar o dia consciente. Ter asilo nos rituais - debruço na janela para espertar os sentidos e receber, de chofre, a luz inteira, abrir o frigorífico, ligar a máquina do café, conferir ao «pequenino-almoço» a frugalidade, uma outra impressão digital da personalidade.
Aconchegado o corpo na cadeira, bebericar leite e pensamentos e, do dia, o prazer a construir. Porque a alegria se ergue como edifício no amanhecer seguinte recomeçado, assim haja pré-disposição ou vontade, com ela fruir dos instantes, esmaecer problemas para, depois, os perspectivar doutro modo.
Negar semelhança ao peru que sempre morre de véspera, rejeitar negrumes quando, haja optimismo, inventar luz é fácil, poupa o ser de mágoas antecipadas. Confere-lhe competências: distância de precipitações, análise crítica, disponibilidade para ouvir e recolher o melhor, para atender os outros com o tempo ganho na recusa da auto-comiseração. E fica mais leve o espírito e o corpo por vida dele. Nascem risos. Nascem rugas com eles. Mas antes registos na face com boa causa na origem do que outros, tão inevitáveis como os anteriores, que engelham e torcem, duma vez só, o corpo todo.
CAFÉ DA MANHÃ
Cortesia de Anónimo
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros