Da exposição infanto-juvenil "Das Histórias Nascem Histórias", concebida por
Fernanda Fragateiro sobre o universo literário de Sophia de Mello Breyner Andresen
"Das histórias nascem histórias" é o título do projeto que Fernanda Fragateiro fez baseando-se em duas histórias de Sophia de Mello Breyner Andresen, "A Floresta" e "A Menina do Mar".
Eu e os meus irmãos fomos nas férias do Natal ao Centro Cultural de Belém ver a exposição.
A parte principal da exposição é constituída por uma espiral com 2,5 m de altura e 5 m de comprimento. A parte interior da espiral é azul e a Fernanda Fragateiro desenhou aí algas e animais marinhos. A parte exterior possui um fundo branco e sobre ele fez desenhos da floresta e de anões. Ao entrar na espiral senti que estava dentro dos livros de Sophia Andresen, num mundo de magia e alegria ou num conto de fadas.
Dois atores leram um pouco das duas histórias; eu já tinha lido os livros e adorei a menina de cabelos verdes, olhos roxos, de vestido feito de algas (...)
Nota: texto publicado na íntegra aqui.
CAFÉ DA TARDE
Kim Rempel – “Carnation” Lauro Corado – “O Menino do Cobertor” Lauro Corado – “Família”
"Como tanta gente jovem na altura, um desejo de ser mãe em democracia.
Um prazer acrescido como se para além de uma bênção tivesse ares de contribuição generosa e solidária para um País novo que se desejava.
Concebido com gosto no Verão de 74, ainda em plena festa, feitas as contas, havia de nascer, imagine-se!, a 25 de Abril de 75.
Atrasou-se.
Já a irmã o tinha feito. Às vezes ainda o fazem comigo.
Mas chegou despachado atravessando uma vereda tão dificilmente aberta pela primogénita.
Isto está demorado, dizia a parteira de S. Miguel, talvez lembrada da aventura lenta do primeiro parto. Vá dar uma voltinha e depois volte.
_ Onde vamos? Sei lá! Talvez à Feira Popular aqui tão perto.
Qual quê? O "piqueno" queria coisa rápida, tinha-lhe segredado que nascesse a 8, era giro para o casal. Era o nosso dia. E foi por pouco.
Às três da madrugada, aí estava o pilinhas e nós que nunca fizemos questão no sexo dos filhos, embasbacados, deslumbrados, surpreendidos por ter feito o pleno. Agora tínhamos um casal e era perfeito.
Politicamente, a festa encardia... Os interesses revelavam-se. O medo crescia. Os exageros também. E em Novembro, de bebé ao colo e filha agarrada às pernas, vi e ouvi aviões de guerra sobrevoando o telhado de casa. E aí desejei paz, desejei que se fizesse uma pausa para pensar, que se arrumassem em novo lugar os restos de uma festa onde havia bebedeira a mais e se começavam a fazer disparates.
O leite começou a escassear e a transição para o biberon era difícil. Ele não aceitava.
Cresceu devagar.
Mas fez-se um homem. Escolheu Belas Artes, não era bem aquilo, acumulou dois cursos e hoje faz o que ama. E ama muito. E eu sou uma mãe orgulhosa de um Manel que só eu chamo de Manuel Pedro.
Moral desta história? Zero. Apenas um menino feito, nascido e criado já em democracia que faz hoje 39 anos. Porque como cantou a Simone (às vezes) quem faz um filho fá-lo por gosto.
E FOI."
Escrito por "Era uma Vez"
Nota - "Menino do Cobertor", tela de Lauro Corado, está em mostra no Museu Grão Vasco, Viseu.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros