Audrey Marienkoff
Pelas seis, o acordar como “De Profundis, Valsa Lenta”, título do José Cardoso Pires. Noite quase esfumada, azul fundo no céu espreitado pelas étamines bege e fogo. Ela vestida de pele. Sonolenta. Entreaberta a porta-janela, deixou as transparências sobrepostas procurar a brisa ausente. Repetiu as trivialidades de quem madruga e delas faz gosto: o pisca do café, da chávena ao pousar no tabuleiro. Os gestos que acordam músculos e trazem lucidez à manhã/noite.
Na véspera, fora longo o dia na cidade bela e autofágica. A noite descera ao compasso de Verão preguiçoso. Desobediente à órbita e aos costumes da Terra. Provocação que a mulher vestida de pele não desmentiu, uma mola afastando o cabelo do meio das costas, vidro aberto, jazz/forro na condução.
Atendeu pelo brilho do ecrã, pela proximidade da garagem, pelo anonimato do lugar. Lisboa dentro e longe - os corações da cidade por tantos serem, cinco minutos de compasso até um deles são coisa pouca. Faceiras, mulher e cidade. Garridas. Misteriosas pelos véus que somem quando o querer ordena.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros