Dirk Richter, Gennadiy Koufay, Mark Blanton
As «mentezinhas» que se têm por impolutas no que à pornografia concerne, soe constituírem grupo de fãs da dita. Sem pensar arrogante, eu que não aprecio filmes de ‘entra e sai e troca de parceiro’ digo: confundir pornografia com pintura ou ilustração erótica é próprio de espírito «poucochinho» porque escassamente informado ou porque a construção da matriz onde encaixa a personalidade teve condicionamentos de truz. Mas respeito conservadores armados em pudicos, gente com outros pensares – têm direito porque a diversidade compõe o mundo e, não caiam em fundamentalismos guerrilheiros, qual a legitimidade do outro que os rejeita?
Arenga surgida por via da intolerância contra imagens de trabalhos de pintores nomeados, contra filmes ou vídeos, contra passagens da literatura. O nosso (in)feliz Camões descreveu com mestria orgias no “Canto IX dos Lusíadas”. Qual o pupilo que não o leu, a ele voltou por lhe soltar fantasias e gritos acompanhados de esparrames hormonais? A propósito de tais derrames, lembro obra menor, tenho-a como tal me seja desculpada a opinião contramaré: “O Tubarão”escrita por Peter Benchley. Apelo ao nosso “Bosque Harmonioso” do Abelaira, à poesia erótica do David Mourão Ferreira e à inolvidável obra de Eugénio de Andrade. Séculos antes, outros (d)escreveram cenas que, havendo imaginação, provocaram orgasmos solitários em anónimos e múltiplos leitores. E o “Lugar do Morto” do António Pedro Vasconcelos? E a cena do capot protagonizada pela Ana Zanatti e pelo bonitão Pedro Oliveira? E muitos realizadores daqui e dalém que estimularam nos espectadores desejos incontidos, inconfessáveis para os confessos da civilização que já é criticável apelidar de judaico/cristã?
Pornografia é coisa outra. É exibição desmesurada. Básica sem carecer de descodificação intelectual como a lealdade do desenho dos músculos e deles a proporção, paupérrima no imaginário subentendido. Sem fito maior que lucro rápido. Porém, se a muitos facilita prazeres sem que aviltados sejam inocentes povoando rábulas chicanas que os direitos dos menores contrariam, é crime contra a sociedade? Pecado mortal ou venial ou simples prova das leis da oferta e da procura? Dêem resposta exata sociólogos e teólogos. Sou mulher simples. Mais não arrisco pelo défice no pensar especialista.
CAFÉ DA MANHÃ
Dinh Dang
Um escolho na cidade. Odores promíscuos para os doutrinados ocidentais. Gosto fácil para os pechincheiros urbanos ou para lascívias inquietas. “Transversal o sexo das chinesas, oblíquo o das mulheres de Java, em cruz nas mulheres de Bornéu, flor obediente nas de Samatra, magnéticas as ‘naturas’ das mulheres do Industão, vasto e profundo percorrido pelos ventos da monção nas do Songo, semelhante a ostra que dentro guarda duas pérolas em cada mulher de Malaca.” A história de Simão Montalegre, verdadeira ‘Peregrinatio ad Loca Infecta’, que Abelaira conta. O bosque harmonioso que alguns homens incessantemente procuram?
Em Nova Iorque, ‘Chinatown’ tem ao lado os ‘lofts’ de TriBeCa - "Triangle Below Canal Street", - que Robert de Niro prefere, e o listado verde, branco e encarnado da deliciosa ‘Little Italy’, hoje pouco restando da presença imigrante de outrora. Os espécimes alimentares exóticos, vivos ou secos, expostos em bancas, intrigam a vista e o olfacto da multidão num sobe-e-desce contínuo. Que procura a gentiaga que por ali arrebenta as costuras do bairro? A diversão pela diferença e o mesmo que no desfigurado Bairro de Campo de Ourique, por ora pejado de dragões e falsas lanternas dependuradas às portas – a pechincha ou a contrafação d’encher-o-olho por meia dúzia de moedas.
Os dias arrastados pelas noites duma ‘Chinatown’ lisboeta. Quem sabe futuro sítio da moda, faturando milhares à hora.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros