Vinda de Frankfurt, pouco meses depois chegar a Portugal em Setembro de 1974, a “Gina” vendia mais do que a “Crónica Feminina” – à época, ícone de sucesso editorial.
Custava trinta escudos. Foi instituição porno, marco da libertação de costumes, manual de iniciação para muitos jovens. Sucedâneo de aventuras para entradotes, cartilha picante no fio da navalha entre a mais conspurcada brejeirice e a prosa com laivos de erudição. Trocado por miúdos, ou melhor, por adultos, a ‘Gina’ foi a ‘Anita’ dos crescidos. A ressalva é que a viajada ‘Anita’ ficava aquém dos périplos da ‘Gina’ que, como menina «boa» e má, ia para todo o lado.
Nos anos 70 e 80, o ioiô e a “Spectrum» ferviam nas mãos dos adolescentes. A “Gina” também. Entre 74 e 2005, ano em que gemeu de prazer pela última vez, foi a publicação rainha da pornografia nacional. Eles e elas, consumidores, fizeram o luto. Passou à condição de bibelô kitsch, sem a dignidade dum sabonete Ach Brito ou da pasta medicinal Couto.
Um ano e meio após a novidade “Gina”, aconteceu o boom dos conteúdos explícitos. Concorrência madrasta para a infatigável Gina. O golpe final chegou com o advento da internet e do “canal 18”. A pornografia ficou à distância de um excitante clique, mão direita no rato, aumentada a destreza da mão esquerda. Gymnasium doméstico e solitário.
A “Gina” suspirou pela última vez no n.º 196. Nalguns alfarrabistas, é possível descobri-la ao lado das revistas de crochet, de ponto de cruz, cromos de futebol e do livro de S. Cipriano, antes de ligar para as edições Pirâmide onde sobrevivem algumas dezenas de exemplares O culto sobrevive, agora manso.
Nota: texto síntese deste outro.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros