Olivia de Berardinis
O aeroporto de Beja custou milhões. Nem uma operadora aérea revela interesse nele. Mulher que pouco sabe das motivações e operações financeiras que o determinaram, arregala o olho mal acordado. Presume terem existido estudos prévios sobre o interesse nacional do investimento. Decerto foram pesadas ligações entre Porto, Lisboa e Faro com o Alentejo. Pergunta a ignorante cidadã:
_ O que falhou?
Ainda com a chávena do café revigorante nas mãos, ouve da celebração do “Centenário da Républica” através de mastro de cem metros a erguer em Paredes. Bandeira à altura. Auto-movida. Ondulando através do consumo eléctrico. Um milhão de euros cobre a despesa projectada numa zona onde grassa o desemprego e vão à falência empresas como pipocas caídas no chão.
Chegada a casa, a fiel Cila – amiga e funcionária – sobrolho carregado, anuncia ter deposto na secretária postal da Polícia. Nem hesita. Pousa mala, pasta e avança para a má notícia. Talvez multa devida a um qualquer excesso detectado por radar. Pior: a Divisão de Investigação Criminal convoca-a como testemunha. Acelerou os neurónios. Nem uma campainha soou. A mulher nada lembra de criminoso a que tivesse assistido. Ligou para o número carimbado no postal. Mudo.
No dia 28 de Dezembro, tarde meia, em vez de escolher sugestivo par de meias com liga rendada a contento para entrar no Ano Novo, irá p’ras bandas do Rio saber qual a malfeitoria que presenciou.
CAFÉ DA MANHÃ
Pink Martni - Oú est ma tête
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros