Abel Manta, Fundação Calouste Gulbenkian
Do quase Sul, aceder à Estrela. Saindo da A1 para a IP3, basta percorrer vinte quilómetros para que o «lago» da Barragem da Aguieira altere o cenário da Beira Litoral, pré-anunciando outro – o da Beira Alta. Arvoredo misto progride até capitular perante o pinheiro bravo e alguns eucaliptos. Após via rápida até Nelas, estrada curvilínea, trânsito raro, segura a velocidade moderada. Mas bela, cheirosa, com sombras que entrecortam a «soalheirada» dos últimos de Julho. Num troço, o desgosto de incêndio em fase de rescaldo que bombeiros vigiam. E se era magnífico aquele pedaço! Daqui a quantas décadas, pressupondo optimismo, a área ardida regressará ao viço anterior? Novo pinhal talvez nunca se o solo foi exaurido de alimento até ao tutano.
Em Nelas, paragem garantida: magnífica cafetaria estende esplanada sob tílias e plátanos; para refeição de substância “Os Antónios” sito nas antigas adegas dum solar, outrora, propriedade dos Jesuítas. Gastronomia tradicional da região, gama de vinhos excelentes. No Inverno, lareira acesa convida a esticar a presença. Serviço atento, custo sensato. Tílias e mais tílias bordejam empedrado e alcatrão onde é fácil estacionar. Porquê interromper o trabalho do motor em Nelas? _ Dali em diante, muda o horizonte, surgirá a imponência da Estrela e das suas faldas que alojam as cidades de Seia e Gouveia. A primeira, industrial com magnólias a enfeitá-la; a segunda, tranquila e bela onde o património, pela riqueza, foi preservado e as hortenses floridas espreitam em qualquer recanto. Duma ou doutra, quinze quilómetros de distância entre elas, acesso directo e curto à montanha. O de Gouveia promete e cumpre a revelação do “Cabeço do Velho”, dos elevados penedos esguios das “Freiras” alinhados em procissão, do “Mondeguinho”, das “Penhas Douradas”, do “Vale do Rossim”. Para satisfazer a arte de bem comer, em Seia, o “Camelo” e o “Solar do Pão”; Gouveia oferece (re)conhecidos lugares e a «boda» no Albertino.
Corra estio excessivo, a Estrela e seus próximos arredores garantem frescura nas manhãs e no entardecer. Por tudo, destino sem estação pela abundância de parques e de aldeias históricas, romarias, praias fluviais, outras imitando as marítimas, a neve e os desportos de Inverno.
CAFÉ DA MANHÃ
Abel Manta
Do quase Sul, aceder à Estrela. Saindo da A1 para a IP3, bastam vinte quilómetros para que o «lago» da Barragem da Aguieira altere o cenário da Beira Litoral, pré-anunciando outro – o da Beira Alta. Arvoredo misto progride até capitular perante o pinheiro bravo e alguns eucaliptos. Após via rápida até Nelas, estrada curvilínea, trânsito raro, segura a velocidade moderada. Mas bela, cheirosa, com sombras que entrecortam a tarde soalheira do último de Julho. Num troço, o desgosto de incêndio em fase de rescaldo que bombeiros vigiam. E se era magnífico aquele pedaço! Daqui a quantas décadas, pressupondo optimismo, a área ardida regressará ao viço anterior? Novo pinhal talvez nunca se o solo foi exaurido de alimento até ao tutano.
Em Nelas, paragem garantida: magnífica cafetaria estende esplanada sob tílias e plátanos; para refeição de substância “Os Antónios” sito nas antigas adegas dum solar, outrora, propriedade dos Jesuítas. Gastronomia tradicional da região, gama de vinhos excelentes. No Inverno, lareira acesa convida a esticar a presença. Serviço atento, custo sensato. Tílias e mais tílias bordejam empedrado e alcatrão onde é fácil estacionar. Porquê interromper o trabalho do motor em Nelas? _ Dali em diante, muda o horizonte, surgirá a imponência da Estrela e das suas faldas que alojam as cidades de Seia e Gouveia. A primeira, industrial com magnólias a enfeitá-la; a segunda, tranquila e bela onde o património, pela riqueza, foi preservado e as hortenses floridas espreitam em qualquer recanto. Duma ou doutra, quinze quilómetros de distância entre elas, acesso directo e curto à montanha. O de Gouveia promete e cumpre a revelação do “Cabeço do Velho”, dos elevados penedos esguios das “Freiras” alinhados em procissão, do “Mondeguinho”, das “Penhas Douradas”, do “Vale do Rossim”. Para satisfazer a arte de bem comer, em Seia, o “Camelo” e o “Solar do Pão”; Gouveia oferece o (re)conhecido “Júlio” e a «boda» no Albertino.
Corra estio excessivo, a Estrela e seus próximos arredores garantem frescura nas manhãs e no entardecer. Por tudo, destino sem estação pela abundância de parques e de aldeias históricas, romarias, praias fluviais, outras imitando as marítimas, a neve e os desportos de Inverno.
CAFÉ DA MANHÃ
Jacek Yerka
Não é bonito publicar à conta de outros. Todavia, que fazer quando vales e montanhas e verdes e lugares que tanto amo sugerem colectânea de dizeres que apelam para viagens e ócios dentro do país e na memória? Obrigada por estas letras e gostos partilhados.
De Jotaeme
Eu tenho em presunção (já agora alguma água... benta) de que os verdes que os verdes gostam são outros, ou seja, (branco e tinto), eu também, mas que diabo, os aproveitamentos hídricos a troco de uma energia mais limpa, tendo de "pagar" alguns vales e ou montanhas, porque não?
Devem lutar (os Verdes) pelas suas convicções, mas sem extremismos! É ver o que deu a co-incineração e o modo como o sucateiro elimina os resíduos perigosos! É por estas (extremas) teimosias que os processos encravam e não avançamos... Um dia bom com ambiente... Verde pois então!
De João Nave
"Já antes tinha acontecido (acho que a propósito do vale do Rossim ou teria sido o lugar da castanheira, no Mondego na fase infantil): V. diz por aí umas palavras quase-mágicas que funcionam como uma brisa que levanta o pó de alguns neurónios adormecidos (é que foi há mais de 20 anos) nalgum canto do meu encéfalo e que, de súbito, ressuscitam e revelam memórias. Tão nítidas que chego a duvidar que sejam reais. Eu corria pela serra acima até à moita e descia até à Sra. do Desterro para mergulhar no Alva, límpido, e, depois ficar deitado na margem verde sob as árvores. Conhecia tão bem os caminhos, as pedras, as árvores, o calor com aroma a caruma, aqueles insectos que pousavam sobre o rio (só mais tarde aprendi o que era a «hidrofobicidade» que os impedia de se afundarem)."
De António
"por falar no Alva e na magia dos aromas, dos lugares onde resplandece a vida e no prodígio revigorante das frescas águas do rio, cumpre assinalar um ritual de eleição de Fevereiro a Fevereiro, às vezes Março quando o Carnaval se atrasa, que é um natural banho de natureza como se impõe em certa religião de prática exclusivamente individual e com o recato devido, apesar de a Família se arrepiar enregelada em suas camisolas e gorros, seguindo-se oferendas de feijoca e outras iguarias lá para os idos da Serra, no cerro do Folgosinho ou confins afins, por fim incensado a zimbro de temperar ardências a tempo de uma sesta reparadora à beira da lareira do refúgio de montanha do Parque Natural, em Jonas, com vista para a raposa e, não raro, seu majestoso manto branco..."
De Zeka
"Do Folgosinho, partilho o cabrito, o pão e o zimbro que no Albertino era (é?) atracção de romeiros automovidos a caminho da Estrela.
Também tem história, digna de postagem e menções honrosas, um exemplo vivo da montanha ter descido ao Maomé. O seu velho estilo de dar a petiscar terá hoje evoluído para degustação noutras paragens mais chiques.
E as ruas com quadras populares são mesmos castiças, com castelo e muito mais..."
CAFÉ DA MANHÃ
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