Alex Alemany
Um trabalho da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa concluiu que 97% da poluição marinha corresponde a resíduos de plástico e destes 27% são elementos que incluem fragmentos de sacos de plástico descartáveis, que permanecem na natureza e, ao dividirem-se em pequenos fragmentos, são confundidos com alimentos pelos animais que os ingerem.
Os ambientalistas da Quercus vão instalar um "estendal" de 466 sacos descartáveis encontrados nas praias nacionais, número que as estimativas apontam para a utilização anual de cada português, enquanto na Europa a média desce para 198. Los Angeles é, desde o início deste ano, a primeira metrópole que baniu sacos de plástico. Na Europa, a Irlanda suspendeu a distribuição gratuita de sacos, a França anunciou que vai seguir o mesmo caminho, a Itália substituiu os descartáveis por biodegradáveis e Espanha deixa ao cliente a opção de escolha do material, em quatro possibilidades.
Neste Dia Internacional dos Sacos de Plástico, o “estendal” em frente à Assembleia da República pretende alertar os deputados para o problema ambiental e económico da utilização de sacos de plástico, e visa propor a suspensão gradual da sua oferta nas lojas. Para a Quercus, as lojas devem decidir as medidas para substituir a oferta de sacos, do uso de sacos reutilizáveis ou de papel, à instalação de eco-caixas (que não oferecem sacos) ou a aplicação de uma taxa por cada saco.
Hoje, o PS e Os Verdes apresentam propostas para reduzir os sacos de plástico e promover a reutilização, com os socialistas a defender um sistema de desconto mínimo sobre o preço dos produtos vendidos ao consumidor, não inferior a 0,05 euros (cinco cêntimos), por cada cinco euros de compras, quando o cliente prescindir dos sacos de plástico gratuitos. Em meados de Abril, o Parlamento Europeu aprovou medidas no sentido de reduzir, em pelo menos 80%, a utilização de sacos de plástico até 2019.
Compostos por resinas tóxicas derivadas do petróleo, os sacos de plástico levam, em média, 500 anos a decompor-se. Embora possam ser separados para reciclagem, apenas uma ínfima parte chega a este fim – estima-se que menos de 2%. Outro problema é a reutilização dos sacos para acondicionar o lixo orgânico. É uma nova função quase inevitável para os sacos que trazemos do supermercado ou até mesmo para os que compramos especificamente com esse fim e, por esse motivo, existem à disposição do consumidor sacos biodegradáveis.
Nota: uma das fontes utilizadas no texto foi esta.
CAFÉ DA MANHÃ
Alex Alemany Kathleen Scarboro
Helena Kadlcikova Autor que não foi possível identificar
Dia soalheiro em que a pequenada é rainha. Na parte do mundo tomada por desenvolvida e em paz, se bem que podre na maioria, ainda existem condições para ofertar às crianças momentos felizes. Na parte do planeta em guerra ou por razões outras excluída dos direitos fundamentais de qualquer ser humano, os mais novos em particular, escasseiam oportunidades para alegria genuína diária no hoje.
É imperativo lembrar que a dependência dum futuro equilibrado da humanidade reside no feito tendo em vista a dignidade e o amor devidos aos mais pequenos desde o nascer.
CAFÉ DA MANHÃ
Alex Alemany
Café de bairro sem história. Livro aberto a vidas obedientes às normas constantes dos mandamentos sociais, a outras caídas em desgraça pelo desemprego ou pela lateralidade moral. Ecrã mudo onde imagens desfilam e recolhe olhares vazios. Refúgio para mistérios pessoais.
A mulher desafinava no espaço. Sobressaía na postura e figura cuidada – mais comum eram homens encostados ao balcão, donas de casa, idosas na maioria, algumas com avental e chinelos de pano, debicando torradas acompanhadas por galão ou café. Nas conversas, menu de doenças, novas das vizinhas, da família, das mágoas. Momento alto no dia, depois, azáfama no «atura-maridos-netos-comidas». Pelas nove da manhã seguinte, de tudo dariam conta aos ouvidos próximos.
Ao telefone, a mulher desarmónica, sussurrava. À medida da progressiva instabilidade nos gestos, o tom de voz crescia como se estivesse num casulo que somente ela via. _ “Impante de razão não é? A verdade é despicienda. Interessam-te alegações que nada justificam. O acontecido, a tua crueldade e a tua suspeição ditaram o fim da nossa relação. Não tens os ‘ditos’ necessários para averiguares a realidade. Mais fácil duvidar da mulher que nunca te foi infiel nem mentiu porque o nome dela é 'simplesmente Maria'. Uma qualquer. Cata-vento. Inconstante. Aconchega-te o ego e dilui culpa por não ires mais além na investigação.”
Esquecidas vozes outras. Silêncio apenas perturbado por pratos e copos e chávenas e colheres entrechocadas na lavagem ou no serviço habitual.
Desligou. Pagou. Saiu. No café de bairro, esmorecidos diálogos. A nuvem que baixara continuou espessa. O silêncio com ela.
CAFÉ DA MANHÃ
Na metafísica dos dias. (Pintura de Alexej Ravski)
Lançar todas as cartas da vida. (Pintura de Alexej Ravski)
Educar para o respeito pela Terra, nem sabe o bem que fazia! (Pintura de Alex Alemany)
A música das vagas marítimas. (Pintura de Alex Alemany)
CAFÉ DA MANHÃ
Alexej Ravski. Técnica soberba e espiritualidade. Bom dia!
Enzie Shahmiri, Alex Alemany
Tragédia consumada, tragédia previsível. Sismo na Turquia que à vida retirou muitos, estimativa de em Portugal cerca de 70% do território estar desertificado dentro de vinte anos. Desde o Sul ao Norte, o potencial biológico dos solos será perdido. Razões essenciais da tragédia: incêndios, uso indisciplinado dos solos, reflorestações feitas à trouxe mouxe, a migração das gentes para o litoral, essencialmente rumo às áreas da ‘Grande Lisboa’ e do ‘Grande Porto’. Na esperança de melhorarem as condições quotidianas – para a maioria dos iludidos ledo engano – ficaram ao abandono leiras, talhões nas matas, solos que eram férteis mas a erosão come sem parança. E as faladas alterações climáticas também arrecadam parte da culpa como a actual intenção de encerramento dalgumas linhas férreas no interior, também responsável a fuga para o litoral. Sendo tanta, não nos admiremos se, um dia, este rectângulo que já foi jardim e agora é barcaça carcomida que o Eça antecipou obliquar e despejar no Atlântico gentes e bens.
Duas tragédias, uma alegria – as eleições tunisinas congregaram alegria, 70% dos votantes, esperança ímpar do povo que iniciou a Primavera Árabe. Foi-se Bem Ali, chegou a ilusão duma democracia que o seja em verdade. Por tudo, o país do qual guardo memórias lindas merece.
Nota - Agradeço ao Veneno C. a possibilidade de encontrar reprodução com maior qualidade da pintura de Enzie Shahmiri.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros