Mati Klarwein
Vox populi difunde que o Verão próximo será o mais frio dos últimos duzentos anos, intervalado por picos de quarenta e tais graus Celsius. Nos últimos dias, lugares da Índia sofreram os horrores de brasa climática atingidos que foram os cinquenta e tais. No atrasado pouco distante, o Brasil sofreu o mesmo. Por aqui, penámos com Inverno pingão e céu plúmbeo, Primavera irascível que ora traz neve e encerra estradas de montanha, ora surpreende com dias de braseiro.
Tantas desfeitas temos sofrido que a raiva atmosférica ao acrescer mais uma é como sardinha extra a desequilibrar a pesada carga do burro. Melhor refletindo, talvez os céus tenham vindo em auxílio da bolsa vazia dos portugueses – com chuva e frio não apetece sair do espaço doméstico, adiados Algarves e companhia, praia somente a que estiver ao alcance de fuga rápida levantado seja o inferno dos ventos ou das neblinas geladas. Economia em portagens, gasolina, na compra de calçado e trapos estivais.
Que regressem os piqueniques familiares, caseiras aventuras gastronómicas, que se imponha a vontade de peregrinar em museus e parques, de ler novidades literárias ou reler espólio abandonado nas estantes, que o cinema em casa ocupe o devido lugar, que festivais com entrada livre não passem ao lado da atenção.
Não ter mais olhos do que barriga é pedagogia benéfica. Decorre fruição de lazeres simples em vez de arrotos gastadores.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros