Sábado, 26 de Março de 2011

“FUJAM QUE VEM P´RA AQUI!”

Walter Girotto, autor que não foi possível identificar

 

Postada em quase sossego, lia repetitivas, constaria depois, opiniões dos comummente designados ‘especialistas’ sobre a situação nacional. À terceira - fui obstinada -, concluí: ou o futuro do país é sina escrita de igual modo nas palmas das respectivas mãos, ou a “cartilha p’ró meu sucesso enquanto sábio ou «futurólogo» ou oráculo” enforma e despede do cérebro pensamento original. Adiante.

 

Na leitura, impôs-se a utilização de escrita segundo o novo acordo ortográfico. ‘Egito’, ‘direto’, ‘rutura’ e mais e mais e mais suprimiram consoantes mudas. O hífen desaparece. Interpela-me o modo como irei aprender contenção nas teclas ao escrever com alma fluente e sem ponderar a grafia de cada palavra que a transpira. Temor despiciendo por outras mudanças terem existido na língua portuguesa e assimiladas por habituação. Na ‘pharmácia’, exemplo simples, o «f» substituiu o «ph» sem levantamentos rebeldes das sinapses cerebrais que a história perpetue. Quem dera termos a constância ortográfica da língua inglesa de muitas décadas para cá! Pois se até os fruidores do american way of live a ela estão submetidos na ortografia… E se o nariz empinam para sair valorada a supremacia que detêm por esse mundo de Deus…

 

No início deste deambular, consta “postada em quase sossego”. O ‘quase’ tem justificação: amiga, directora duma escola secundária, telefona. Da fala semeada por risos, entendi substância que julgava, para o bem, perdida. Um senhor rondando os setenta anos, digno no vestir e na postura, solicita à funcionária/filtro da entrada entrevista com a Directora. Bem-mandada, pergunta o que o traz ali. E o senhor explica que tendo visto mais um episódio dos Morangos com Açúcar pelos netos adolescentes expostos a muitos perigos, anteontem, aluna roubou dinheiro à professora e acusou colega inocente. Não tendo a culpada sido reconhecida, desejava fazer denúncia punitiva.

 

A estória lembra primórdios da televisão em Portugal _ quando família assistia a tourada e o bicho portentoso, furibundo, ensaiava corrida captada de frente pelo operador de imagem, alguém prevenia “fujam que vem p’ra aqui!”

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

 

publicado por Maria Brojo às 07:53
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