Andre Kohn, Paola Angelotti
Porque os idosos falham nas tomas diárias dos medicamentos receitados ou nem aviam nas farmácias a medicação prescrita ou não adquirem aparelhos auditivos e óculos pela falta de recursos económicos, segue cópia dum texto de hoje na edição online da TSF.
“O alerta é do Observatório Português dos Sistemas de Saúde no relatório anual. A denúncia surge pelo segundo ano consecutivo, baseada no aumento da ansiedade e depressão dos portugueses.
O documento cita dados nacionais e regionais para concluir que em paralelo com a crise assiste-se a «um aumento da depressão, da taxa de tentativa de suicídio e das mortes prematuras».
Os investigadores dizem que os efeitos da crise sentem-se, por exemplo, nas despesas: 20 por cento dos portugueses estão a gastar menos com a saúde, numa percentagem que duplica entre os desempregados.
O relatório sublinha que várias fontes apontam ainda para um aumento da ansiedade e da depressão no país. O estudo citado de seguida foca-se na Unidade Local de Saúde do Alto Minho onde vivem 250 mil pessoas. Nessa região, o último ano teve um aumento de 76% nos casos de internamento compulsivo, o que pode dever-se ao agravamento das situações clínicas de doença mental ou à má adesão aos tratamentos.”
Nuno Guedes
CAFÉ DA MANHÃ
Andre Kohn
Poupar foi palavra e ato esquecido nas últimas décadas portuguesas. A reboque dos milhões que ao extremo ocidental do respetivo continente a Europa rica enviava, a primavera económica floriu esperanças de vidas novas. Como frutos, ilusões de bem-estar traduzidas em consumo. Pela deficiência na política de habitação, o mercado de arrendamento definhou e a “casa própria” adquiriu contorno de regra social. A “segunda habitação” seguiu os passos da primeira. Os senhorios foram substituídos pelo sorriso dos bancos – compre hoje, pague depois, passe para cá o depósito do ordenado e tome lá o cartão de crédito para comprar e pagar ainda mais tarde.
Nas gerações anteriores, a poupança era estimada pelas famílias. Em cada mês, o cinto das despesas mantinha-se apertado e sobravam tostões que em cima de outros faziam pé-de-meia. “Para uma aflição”, era dito. Depois dos cravos, o “chapa ganha, chapa gasta” viria a estar na moda.
Pelos gastos ociosos, pela deseducação económica nas famílias, pelos imaginários servidos à la carte e condimentados por beldades douradas entre palmeiras, pela atávica pobreza nacional, a bocarra dos credores engole o salário recém-chegado. As mal-afamadas dívidas foram rebatizadas – crédito. Suavizou a penúria real e estendeu no tempo o “faz de conta”. Até um dia. Até agora. Arruinadas as finanças individuais e coletivas, que os sonhos deixem de conjugar o ter e elevem o ser.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros