Anna Halldin
Compenetrados. Sisudos. Revolvem argumentos. Trocam voltas à lógica até ser perdida a emoção. Mísseis terra-terra programados e com retardador. Julgam não falhar o alvo da conduta sensata. Assentam-se na realidade como se alcatrão betuminoso, semi-fluido, os grudasse. Supostamente fiáveis. Referências de estabilidade e ponderação para quem aspira laudas do vulgo. E vão ficando, colados, rentes ao tédio. Que ignoram, estando parados, pelo “eppur si muove” eterno.
Dos loucos mais há para contar. Não apenas os diagnosticados que cirandavam em pijama nos semáforos frente ao Júlio de Matos ou em Rilhafoles. Esses são os puros que inventam vozes e fantasmas e deuses malfeitores. Podem ser Napoleões ou argonautas ou exportados de Mercúrio. Felizes na recriação de si. Anormais!, grita a populaça em procissão carneirada que arruma a fantasia em gaveta cuja chave perdeu. Por isso não sabe nem pode reinventar-se. Caminhar aos ziguezagues seguindo o vento Suão. Mistral, dizem os franceses, Levonte, os algarvios, porque os povos também criam e são loucos como os deuses.
Andarilhos da loucura não temem borrascas escondida em cúmulo-nimbos nos céus se intensidade e hibiscos (ir)reais são procura. Correm perigos e não cuidam de impermeável ou «solas» de borracha quando raios cavam brilhos e carreiros até morrerem no chão. Ébrios de prazeres, reis protegidos por séquitos de anjos tão loucos quanto eles. Paraíso outro (ou o mesmo?) sem carecer de reserva pelo fastio da conduta ou cinza nas acções.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros