Amadeu de Souza Cardoso
Soube isto dum lugar de beleza que sempre me enfeitiçou:
O Centro Cultural de São Lourenço, em Almancil, um dos ícones da cultura no Algarve ao longo das últimas três décadas, e local de eleição do pintor e prémio Nobel da literatura Gunter Grass, vai encerrar por tempo indeterminado.
Ao longo de 30 anos o Centro Cultural de São Lourenço (CCSL) tornou-se numa galeria de arte de renome internacional e por ali passaram alguns dos mais conceituados artistas plásticos contemporâneos, poetas e músicos, nacionais e estrangeiros, entre os quais se destacam José de Guimarães, João Cutileiro, Antoni Tàpies ou Günter Grass, Prémio Nobel da Literatura.
“O Gunter Grass é um grande amigo nosso que gosta muito do Algarve e expôs cá várias vezes, já o Antoni Tàpies (recentemente falecido), expôs pela primeira vez em Portugal na nossa galeria, há uns 25 anos, quando ninguém sabia ainda quem ele era”, contou à Lusa Marie Huber, fundadora e dinamizadora do CCSL.
Localizado a cerca de 100 metros da Igreja de São Lourenço, em Almancil, o Centro Cultural abriu portas a 7 de março de 1981 por iniciativa do casal franco-alemão Volker e Marie Huber, que se apaixonou pelo Algarve e decidiu criar uma galeria de arte. O objetivo era que o espaço fosse um ponto de encontro e de partilha entre artistas, público e comunidade local.
“Este foi, literalmente, o centro da minha vida nos últimos anos, mas acho que todas as coisas têm um princípio e um fim e eu sinto que chegou a altura de me retirar. Tenho esperança nas novas gerações e gostava que, na minha ausência, alguém jovem pegasse e dinamizasse este projeto”, disse a fundadora.
O CCSL é fruto de um minucioso trabalho de recuperação de cinco casas rurais com mais de 200 anos e, nas últimas três décadas, foi palco de muitas
exposições de arte contemporânea, concertos musicais e alguns encontros de escritores, tendo sido visitado por mais de um milhão de turistas nacionais e estrangeiros.
Marie Huber, que com o seu marido Volker reuniu uma vasta coleção de arte está agora a organizar uma festa de despedida no dia 7 de abril em que vai juntar vários amigos do centro, com os quais pretende partilhar parte da sua coleção. Assim, “cada convidado poderá, mediante uma participação de 100 euros, adquirir um vale numerado que corresponde a uma obra de arte. Como todos os vales são vencedores, todos os convidados vão para casa com uma boa recordação do Centro Cultural de São Lourenço”, explicou.
Além disso, a intenção é tornar esta festa de despedida num “momento inesquecível” e a celebração incluirá “boa comida, bebida e arte, como sempre foi a tradição da casa”, revelou Marie Huber.”
Má notícia. Fica a saudade e a esperança de alguém com as aptidões necessárias reabrir honradamente a preciosidade cultural algarvia.
Fonte: http://www.regiaosul.pt/noticia.php?refnoticia=126031
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Ontem, partiu Antoni Tàpies. Escultor e pintor catalão é “considerado um dos maiores representantes europeus da arte abstracta do pós-guerra”. Tinha 88 anos. Em Barcelona, a Fundação Tàpies surpreende também pela concepção na mostra das obras do autor. O sentir inicial pode ser de estranheza. Todavia, à medida dos passos visitantes, o idear artístico de Tàpies impõe-se e tudo faz sentido.
Ouvi hoje que se nos clássicos (recordo Charles Dickens) era certa uma ideia por página, no publicado agora, uma por livro é uso. Por outro lado, as descrições de Dickens envolvem uma realidade que, dois séculos após, preservam a essência das vidas actuais: desigualdade social, o haver é poder, a ganância como objectivo. Volver aos clássicos e ler uma página por dia nem sabe o bem que lhe fazia!
Truffaut, completaria ontem oitenta anos, “é sinónimo de inocência, de rebeldia, de liberdade, de cultura francesa, e claro, é sinónimo de cinema. Mas Truffaut era um realizador bastante diversificado, pelo que nos seus filmes podemos encontrar um pouco de Chaplin, de Renoir e de Hitchcock. Passou por vários géneros como film noir americano em “Disparem Sobre o Pianista” (1960) e ficção científica em “Grau de Destruição” (1966). “Jules e Jim” (1961), “A Noiva estava de Luto” (1967), “O Menino Selvagem” (1970), “O Último Metro” (1980) e “Finalmente, Domingo!” (1983) (o seu último filme) são ainda algumas das suas melhores obras e de enorme referência para o cinema francês.” De todos, prefiro “Jules e Jim”.
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